Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Guerra Econômica nas Vésperas do G20

7 de novembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: a guerra cambial está se ampliando, as posições não convergem, uma verdadeira guerra econômica | 2 Comentários »

Mesmo entre os profissionais de economia que acompanham o noticiário internacional, sente-se nos últimos dias, na proximidade da reunião em nível presidencial do G20 na Coreia do Sul, que está em marcha uma verdadeira guerra econômica, com todos os países contrariando uns aos outros, provocando uma verdadeira e perigosa balbúrdia mundial. Todos reclamam do câmbio da China, que por sua vez também se junta ao coro dos protestos com a inundação de dólares no mundo provocado pelas medidas do FED norte-americano. Medidas de proteção contra a desvalorização do dólar norte-americano e do yuan chinês desencadeiam contramedidas comerciais, tributárias e comerciais em muitos importantes países e blocos, inclusive emergentes.

Ao mesmo tempo, procuram-se formar grandes áreas de associação de livre comércio, que acabam prejudicando os não incluídos nestes grupos. Acordos bilaterais também acabam sendo firmados, que certamente provocarão reações de outros países. Não se pode ter a esperança de um mínimo de consenso na reunião dos G20, que tende a se tornar um palco de reclamações de todos que possuem alguma importância no cenário econômico internacional.

g20

Reunião ministerial do G20 realizado recentemente na Coreia do Sul

A reunião anterior, em nível ministerial, seria preparatória da próxima em nível presidencial. No entanto, o que se verifica é o agravamento das tensões nos últimos dias, principalmente com as medidas tomadas pelo FED norte-americano que injetou mais US$ 600 bilhões no mercado, provocando a sua desvalorização. No gigantesco bloco da APEC – Associação Econômica dos Países da Bacia do Pacífico, e que já reúne os Estados Unidos, China, Japão, Rússia, Austrália, Canadá, Coreia do Sul e outras de médias importâncias econômicas, acaba provocando uma cisão com os países do Atlântico, pois se discute a formação de uma grande área de livre comércio.

A Índia, uma potência nuclear que apresenta perspectivas de acompanhar o ritmo recente de crescimento da China, tira o máximo partido de sua situação, estabelecendo importantes parcerias econômicas com o Japão e agora com os Estados Unidos. Apresentando-se como um país onde a tradição democrática está consolidada, ganha o apoio como dos ingleses, para se tornar uma potência política, sendo forte candidata para um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, onde o Brasil também tem pretensões.

O Brasil parece um pouco atrasado nos esforços para o estabelecimento de acordos de livre comércio, preso aos compromissos do Mercosul, enquanto as parcerias econômicas bilaterais se disseminam, diante das dificuldades enfrentadas globalmente na Organização Mundial de Comércio. Parece que não basta elevar o tom dos protestos com relação à China e aos Estados Unidos, mas tomar medidas concretas para continuar competitivo no mercado internacional, enfrentando, além do câmbio, tarifas de comércio mais convenientes.

As resistências com relação à liberdade de comércio de produtos agropecuários, onde o Brasil é mais competitivo, parece mais evidente. Mas mesmo o Japão está reduzindo estas resistências diante da necessidade de contar com maiores facilidades para a exportação de produtos industrializados. Parece claro que há necessidade de maior agressividade na preservação de mercados diversificados em todo o mundo, principalmente para os produtos industrializados brasileiros, pois todos se mostram interessados no aumento do intercâmbio como países emergentes como o Brasil.

O nível da confusão atual pode, até por desespero, acabar forçando um entendimento mais amplo no G20, mas seria um exagero de otimismo, pois parece que as medidas preparatórias não foram elaboradas. O máximo que se pode esperar é uma declaração conjunta a favor de um acordo desta natureza, sem deixar de lado as que visam melhoria do meio ambiente.


2 Comentários para “Guerra Econômica nas Vésperas do G20”

  1. Takasi Simizu
    1  escreveu às 16:57 em 7 de novembro de 2010:

    Prezado Sr.Paulo Yokota,

    Paz e bem !

    Parabéns pelo seu "Site"-Asia Comentada !

    As suas análises nos ajuda e ver como é a Asia hoje,e como ela interage com o mundo,

    incluindo o Brasil e a América Latina.

    Abraços,

    Rev.Takashi

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 17:42 em 7 de novembro de 2010:

    Caro Rev. Takashi Simizu,

    Obrigado pelo comentário. Vou continuar tentando atender a sua expectativa.

    Paulo Yokota