Notícias do Japão – Livros em Kanda, Hagoita, Daruma-san
22 de novembro de 2010
Por: Naomi Doy | Seção: Depoimentos | Tags: bonecos Daruma, NHK-news: livros raros em Kanda, raquetes hagoita
Feira e leilão de livros antigos em Kanda: Kanda/Jinbôchô, em Tóquio, tradicional distrito de sebo e livros antigos, se movimentou com a feira anual e leilão de livros raros, com milhares de itens centralizados em obras anteriores à Era Edo (anos 1603-1868). Nota-se presença cada vez maior de colecionadores e compradores chineses. Livros antigos chineses são raros e com preço proibitivo na China, onde ainda se ressente do expurgo sofrido pela arte e literatura durante a Revolução Cultural nos anos 1970. No Japão, os preços estão até mais acessíveis para chineses, cujo poder aquisitivo continua crescente. Eles se interessam por livros e objetos chineses de épocas como a da Dinastia Song (960-1279), injetando saudável movimento turístico-cultural-comercial nesta área de Tóquio.
Produção de raquetes hagoita a todo vapor: Meninas não jogam mais hanetsuki no Ano Novo – jogo tipo “peteca” em que duas jogadoras vestidas com kimonos festivos procuram manter no ar, o maior tempo possível, uma bolinha leve adornada com plumas, impulsionada por raquetes de madeira. Brincadeira delicada e elegante, hoje se vê apenas em festivais ou apresentações. Mas raquetes hagoita continuam muito apreciadas como ornamento e talismã na época do Ano Novo: as pessoas presenteiam amigas e familiares, como símbolo de sorte e felicidade. Confeccionadas artística e artesanalmente, são decoradas com figuras clássicas de gravuras ukiyo-ê ou do teatro kabuki, pintadas em telas de seda e coladas na face da raquete. A cidade de Kasukabe, na província de Saitama, ao norte de Tóquio, é uma das grandes produtoras de hagoita. No mês de dezembro, acontecem hagoita ichi pelo Japão inteiro, feiras onde se vendem as raquetes. Em Tóquio, a mais concorrida é a feira ao redor do templo Asakusa Jinja, onde hagoitas custam entre US$ 60 a 500.
Artesãos ultimam bonecos Eto Daruma: O costume de se presentear no Ano Novo vem de um Japão de outrora quando não existia tradição natalina. Outro okurimono (lembrancinha) muito popular para o Ano Novo é o Daruma, robusto boneco feito em madeira ou papier-mâché. Com grandes olhos, sobrancelhas espessas e sem pernas, espelha-se no monge budista hindu Bodhidarma (séc. V-VI DC) que introduziu as artes marciais e a seita budista de meditação Chan, na China (zen-budismo, no Japão): ao ficar nove anos virado contra um muro, meditando de joelhos dobrados, perdeu a mobilidade dos mesmos. Ao ganhar um Daruma-san, pinta-se um dos olhos enquanto se faz um pedido. Realizado o pedido, pinta-se o outro olho. No fim do ano, o boneco é incinerado. A cidade de Takasaki, na Província de Gunma, é o maior centro produtor de Eto Daruma, típico da região. Artesãos ultimam centenas de bonecos, pintados de tradicional vermelho. Porém, para 2011, “ano do coelho” conforme o calendário chinês, alguns Daruma-san estão sendo pintados com longas orelhas de coelho e desenho de cenoura, augurando-se votos para um ano repleto de “auspiciosos saltos para frente” (como os de um coelho). Segundo a NHK-news, a cidade não está dando conta dos pedidos.