O Rápido Crescimento Chinês Incomoda Muita Gente
8 de novembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: a segurança asiática, os problemas com o Japão, países do sudeste asiático, posicionamento da Índia
O poderio que a China adquiriu recentemente, com o seu rápido crescimento econômico e político, incomoda muitos outros países, mais crucialmente os seus vizinhos asiáticos. Mas é um assunto mundial difícil, exigindo grandes esforços políticos, diplomáticos e econômicos de todas as partes envolvidas. Um exemplo deste fato é o destaque dado pelo suplemento do The New York Times, publicado hoje pela Folha de S.Paulo, principalmente em função da viagem do presidente norte-americano Barack Obama à Ásia, com muitos artigos relacionados indiretamente ao assunto.
Ainda que os Estados Unidos passem por uma crise profunda, tanto do ponto de vista econômico como político, ninguém pode ignorar a importância que continua tendo no cenário internacional. A segurança no Pacífico e na Ásia depende de sua atuação, que vem sendo desastrada recentemente, como nos casos do Iraque e do Afeganistão. A reunião do G20 na Coreia do Sul nesta semana é sempre uma esperança, pois propicia também outros contatos diretos e bilaterais, como os que vêm sendo efetuados pelo presidente dos Estados Unidos, antes e também depois do evento. Mas, lamentavelmente, não existem motivos para o otimismo.
Ocupação norte-americana no Iraque e Afeganistão: atuação desastrada
Nos casos cruciais relacionados com a China, até agora foram os entendimentos da volta de Hong Kong para a o seu completo domínio, ainda que na forma de “dois sistemas, um país”. Tudo indica que algo parecido acabará acontecendo, com o tempo, no relacionamento com Taiwan. A China continua tendo problemas com o Tibet, ainda que tenha o ocupado inteiramente, com o Dalai Lama vivendo no exílio. Outros problemas fronteiriços continuam sensíveis, como os problemas de ilhas com o Japão, envolvendo os seus mares territoriais. E a Rússia acaba aproveitando a fragilidade nipônica para adicionar dificuldades, como fez no final da Segunda Guerra Mundial.
Como o Japão não dispõe de forças para a segurança externa e depende totalmente dos Estados Unidos, como a Coreia do Sul, e com resistências da população para os realocamentos de algumas suas bases militares. A Índia seria uma grande potência nuclear que poderia se contrapor à China, contando com a simpatia do Ocidente por causa do seu sistema democrático e de mercado.
Deve-se lembrar, também, que países pequenos do sudeste asiático, como o Vietnã, superaram a ocupação dos ingleses, franceses e dos intensos e pesados ataques dos Estados Unidos, e continuam impedindo o avanço dos chineses. Hoje o Vietnã se destaca como um dos pequenos países emergentes.
Ainda que nas próximas décadas as grandes potências políticas e econômicas continuem comandando o cenário destas negociações, o poder mundial está mais pulverizado, e não bipolarizado. O G20 é um sinal destes tempos, mas outros surgirão, e sempre será difícil conciliar interesses tão diversos, sem que haja algumas propostas bem elaboradas previamente, que aglutinem ou não sofram restrições de muitas partes.