The Economist Escreve Sobre o Modelo Brasileiro
20 de novembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: a revista The Economist, análise dos aspectos brasileiros positivos e que merecem reparos, pontos a serem observados
A revista inglesa The Economist, que tem milhões de leitores qualificados em todo o mundo, é considerada como uma das mais influentes internacionalmente, não tratando exclusivamente de economia. Está ligada a London School of Economics, adotando uma posição liberal, democrática e a favor dos mecanismos de mercado. Seus artigos costumam ser cuidadosos, merecendo considerações, mesmo quando não se concorda totalmente com as posições adotadas. Publicou no último número uma análise do que chamou de modelo brasileiro, ressaltando alguns aspectos positivos, mas fazendo também suas observações críticas.
A revista fez uma análise do sistema adotado pela Embraer, informando que, do quase colapso em que se encontrava em 1990, ela conseguiu se firmar no mercado globalizado dos jatos de porte médio. Chamou este sistema de reverse outsourcing, algo como terceirização reversa, desenhando e montando ela mesma os aviões com ricas fornecedoras de partes dos seus produtos, como a General Eletric, que produz suas turbinas. Introduziu a divisão dos riscos, persuadindo os consumidores e os fornecedores a adiantarem parte dos recursos necessários para seus projetos.
A Embraer é a primeira citada no debate da capacidade inovadora do Brasil. Os empresários que se encontram eufóricos com o crescimento superior a 7% neste ano, também se referem à Vale, Petrobras, Ambev e outras empresas brasileiras que atuam mundialmente. Mas as inovações podem ser consideradas mais filosóficas que realidades.
O Brasil investe 1,1% do seu PIB em pesquisas e desenvolvimento, enquanto a China 1,4% e o Japão 3,4%. No ano passado, segundo a revista, o país caiu 18 lugares pelo índice anual de inovações do Insead, de 50º para a 68º posição. E sua relação de exportador de produtos primários sobre manufaturados foi a mais alta desde 1978, tendo sido beneficiada pela economia mundial, principalmente a chinesa.
Cita-se que o país procura aproveitar seus recursos naturais, de forma sustentável como no caso da Natura, mas seus pesquisadores são de 150 pessoas quando L’Oléal possui 2.800. A Petrobras é líder nas produções de petróleo em águas profundas, a Embrapa em produções de matérias-primas para bicombustíveis. Mas o Brasil ainda é o 152º nas facilidades para pagamentos de impostos, com infindáveis burocracias.
Comparando com a Índia e com a China, o Brasil vem atrás na arte de produzir bens acessíveis para as massas dos consumidores mais modestos. Mas vem adotando inovações como os créditos consignados e outras formas de melhoria na distribuição do bem-estar.
O The Economist entende que se o país for capaz de incorporar suas favelas no seu mercado consumidor, como existem já alguns mecanismos, é possível converter a atual situação favorável num futuro mais promissor.