Balanço de Uma Década na Folha de S.Paulo
30 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias | Tags: assuntos positivos, balanço de uma década, papel da imprensa
Compreende-se que o papel da imprensa deva ser o exercício da crítica, mas quando se faz um balanço de uma década como a que está terminando é preciso ser muito pessimista para que haja mais destaque sobre os eventos negativos que os positivos. O da Folha de S.Paulo começa com uma capa que destaca: “Terrorismo, terremotos e tuites”. Nas pequenas notas de muitos jornalistas predominam as sobre fatos lamentáveis, e o mesmo acontecendo nos destaques na linha do tempo. A nota principal do balanço escrita por Clóvis Rossi tem o título: “Terror, no ar e na banca, marca a década”.
Este site procura adotar uma linha editorial mais equilibrada. Sem negar os acontecimentos negativos e lamentáveis. Olhando os principais acontecimentos desta década, pode-se constatar que muitos foram alvissareiros, e que apesar de tudo que ainda há que se superar como problemas, o mundo melhorou e o Brasil com ele. Houve uma aceleração da globalização, com a sensível melhoria da comunicação entre as várias partes do universo, popularizando-se o uso da internet, dos telefones celulares e assemelhados. Realizou-se uma significativa melhoria dos grandes países considerados emergentes como a China, a Índia e o Brasil, com grandes populações, aumentando o intercâmbio entre as nações. Apesar dos avanços inferiores ao desejado, há uma maior consciência universal da necessidade do desenvolvimento sustentável, com respeito ao meio ambiente.
A produção agropecuária aumentou de tal forma que se tornou possível melhorar a alimentação mundial, até para o socorro das populações famintas como de alguns povos africanos ou vítimas de desastres naturais. Ampliou-se a utilização dos recursos humanos e naturais, descobriram-se novos como no pré-sal. Energias não poluentes como a solar e a eólica passam a ser mais utilizadas. Mais habitações foram construídas, vestimentas melhores e mais acessíveis foram universalizadas, e bens mais acessíveis como computadores, eletrodomésticos, veículos ficaram disponíveis para uma classe média que aumentou em todo o mundo.
A expectativa de vida aumentou de forma significativa em todo o mundo, mostrando que muitas calamidades que provocavam a mortalidade infantil foram atenuadas, em que pese o reclamo natural e legítimo por melhores assistências médicas, educacionais, previdenciárias e sociais universais até para os mais humildes.
Houve avanços tecnológicos e científicos, aumentando o domínio do conhecimento da humanidade sobre os problemas que ainda a afligem, com aumentos significativos da produção de bens e serviços. Houve uma sensível melhoria na logística mundial, permitindo que os benefícios chegassem até os confins do universo. Os conflitos armados são exceções, ainda que persistam desentendimentos entre nações, e a violência não tenha sido banida do mundo.
Os regimes democráticos se generalizaram, e os ditatoriais sofrem a pressão da humanidade que passou a habitar uma aldeia global, todos se preocupando uns com os outros. Que ainda há muitas questões que continuam como desafios a serem superados não há dúvidas, mas a solidariedade humana tornou-se uma regra.
As tragédias que se abatem sobre os seres humanos, animais como vegetais sensibilizam a todos e são transmitidas quase instantaneamente por todo o mundo, despertando indignações e solidariedades que se transformam em socorros voluntários de organizações de assistência.
O mundo melhorou, mas ainda existem muitas coisas que a humanidade necessita conquistar, e estes desafios estimulam os seres humanos para trabalhos criativos. A perfeição não existe, mas muitos continuam lutando para se aproximar dela.
Não podemos ser dominados pelo pessimismo. Com realismo, a humanidade continua lutando por dias melhores e está avançando. A próxima década deverá ser melhor que a atual, que certamente foi melhor que a anterior.