Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Chinesa Tenta Construir Uma Ponte Entre China e Ocidente

13 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Livros e Filmes | Tags: artigo na Ilustríssima da Folha de S.Paulo, esteve no Brasil, Lijia Zhang, livro de memórias

img-17 Lijia Zhang, uma jornalista chinesa que era operária na China e formou-se na Inglaterra, onde se refugiou depois de participar dos eventos de 1989 que marcaram os protestos estudantis naquele país, escreveu o livro “A Garota da Fábrica de Mísseis – Memória de uma Operária da Nova China”, tradução de Roberto Grey, Reler Editora, que foi objeto de um artigo da Izabela Moi no Ilustríssima da Folha de S.Paulo.

Segundo este artigo, ela pretende servir de ponte entre a China e o Ocidente, pois entende, como este site, que existem informações distorcidas de ambas as partes, havendo necessidade de um melhor entendimento recíproco, mesmo sem uma concordância com as posições adotadas de cada lado. Ela não se considera uma dissidente oficial, como o Liu Xiaobo, mas seu livro foi escrito em inglês, pois até a resenha que saiu no New York Times acabou sendo censurado na China.

Segundo o artigo, Lijia Zhang relata no livro a memória dos dez anos de 1980 a 1989 quando trabalhou numa fábrica de armamento em Nanquim, quando ainda tinha 16 anos, aproveitando uma vaga aberta pela sua mãe. Ela organizou os operários em apoio às manifestações estudantis de 1989, não foi presa, mas teve que contar com a ajuda da família para se transferir para a Inglaterra, onde estudou jornalismo. Casou-se com um jornalista britânico com quem teve filhos, mas acabou se divorciando.

Hoje, com 46 anos, visitou o Brasil quando do lançamento do seu livro em português. E tenta explicar as mudanças que vem ocorrendo na China, onde trabalha como colaboradora do New York Times, Washington Post, Guardian e Newsweek.

Apesar de não se considerar oficialmente uma dissidente, segundo o artigo, ela tem opiniões complexas sobre o seu país, que passou por anos de socialismo, que a levou a não acreditar em nenhuma religião organizada, inclusive a do Estado. Acha que o povo chinês goza hoje de uma razoável liberdade, sentindo-se feliz, mas ainda não a conquistou totalmente.

Ela entende que o caso do Liu Xiaobo, que foi contemplado com o Prêmio Nobel, não tem a importância que se atribui no Ocidente, pois ele se declarou dissidente e não representa o cotidiano dos chineses.

Usa a imagem de que a gaiola em que vivem cresceu muito e vai demorar a atingir novamente os seus limites, estando os chineses gozando suas conquistas econômicas, por ora.

Motivado por este artigo, vou procurar o livro para uma leitura cuidadosa, pois seus propósitos parecem coincidir com os deste site.