Políticas Anti-Inflacionárias no Brasil e na China
6 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: menores danos sobre a produção e o emprego, política fiscal, política monetária, preocupações com a inflação
Ainda que os sistemas de governo sejam bastante diferentes na China e no Brasil, as políticas de combate à inflação que começa voltar a dar sinais de aceleração acabam sendo semelhantes. Não existe milagre em economia, e todos se preocupam de forma responsável com a redução das tensões inflacionárias, procurando as melhores formas para preservar o crescimento da economia e do emprego. A redução do crédito que é concedido para os consumidores procura coibir os excessos, de forma a ajustar a evolução da demanda ao aumento da oferta.
Os jornais brasileiros, assim como o China Daily, anunciam políticas semelhantes, ainda que críticos envolvidos em interesses paralelos sempre acabem apresentando suas restrições, recomendando políticas alternativas que os beneficiem. É claro que a simples redução de crédito, isoladamente, não é suficiente para amainar as pressões inflacionárias, mas o que se procura são medidas que provoquem menos danos para o total da economia.
Os analistas ligados ao sistema financeiro sempre recomendam a simples elevação dos juros, quando aumentos dos depósitos compulsórios e redução dos recursos voltados aos crediários mais exagerados podem ajudar a combater a inflação, com menos custos. Os aumentos dos juros acabam ocorrendo, de uma forma mais localizada, sem atingir todo o sistema produtivo de forma semelhante. É claro que deve haver uma austeridade fiscal, pois não adianta somente conter a demanda privada, sem que o governo também colabore com o seu sacrifício.
Deve-se observar que parte da inflação que está ocorrendo em todo o mundo deve-se às irregularidades climáticas que não podem ser combatidas diretamente por qualquer política econômica. O que se deve é estimular a produção agropecuária, de forma que a sua oferta se ajuste às demandas mundiais que continuam crescendo com a melhoria do padrão de vida na maioria dos países emergentes. Neste caso, créditos específicos para a finalidade devem ser aumentados. Não há necessidade de conter toda a economia, pois os consumidores continuarão a necessitar de alimentos, ainda que eles sejam mais caros, e pouco se utiliza do crédito para estas operações, talvez para alguns estoques especulativos.
Tanto a China como o Brasil estão se comprometendo a maiores austeridades nos gastos do governo, pois, se os déficits ocorrerem, a expansão da dívida pública e seu financiamento acabarão elevando ainda mais os juros. O que se pretende é somente coibir os excessos. Todos estão notando que algumas matérias-primas industriais ainda se mantêm com seus preços elevados, mas já ocorrem algumas reduções, ou deixaram de continuar subindo de forma acentuada. Existem países que passam por deflação, com queda contínua e generalizada dos preços, pois suas economias continuam fracas, principalmente nos países mais industrializados como o Japão.
No caso da China, os diversos altos escalões do Partido Comunista, que controlam parte substancial do governo, das estatais e até das empresas privadas com os créditos concedidos pelos bancos oficiais, anunciam que tomaram medidas moderadoras das pressões inflacionárias, provocando até uma redução do crescimento econômico que superava a casa dos dois dígitos. Ainda assim, aquela economia que continua sendo a mais dinâmica no cenário internacional, deve manter um crescimento próximo da dezena, com uma redução paulatina.
No caso brasileiro, a equipe econômica do próximo governo já anuncia uma política fiscal mais austera, e uma responsabilidade na condução da política monetária, mostrando que está atenta às distorções dos créditos exagerados que acabaram transformando estabelecimentos comerciais em instituições financeiras.