Por Que as Crianças Estudantes Chinesas São Boas?
8 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: comparações com outros trabalhos, pesquisa efetuada regularmente pela OECD, resultados do Leste Asiático
Muitos jovens que vão estudar no exterior, inclusive brasileiros, e encontram colegas provenientes da China ficam impressionados com as performances deles que se destacam nas mesmas classes de aula em cursos pós-graduados. É uma questão que intriga a muitos, e a OECD – Organização de Cooperação Econômica e Desenvolvimento, uma entidade internacional, costuma efetuar pesquisas sobre educação das crianças em diversos países. Os estereótipos são que elas são mais dedicadas e aprendem pela rotina a que são submetidos. Um artigo publicado no Financial Times indica que as causas podem ser mais complexas. Eles canalizam as habilidades e o entusiasmo dos estudantes com excepcionais resultados.
Xangai, que representou a China no estudo, aparece em primeiro lugar na pesquisa denominada Pisa efetuada neste ano, mas três outras asiáticas aparecem entre as cinco primeiras: Coreia do Sul em segundo, Hong Kong em quarto e Cingapura em quinto. Nem todos os países asiáticos foram bem. Esta pesquisa foi aplicada com testes de largo espectro em adolescentes de 15 anos, versando sobre compreensão de literatura, matemática, leitura e ciências. Milhares de estudantes são testados em cada país.
A OECD aponta que este resultado decorre da reforma efetuada na China na educação das crianças: ficou impressionada com o entusiasmo dos professores, melhores pagos, bem treinados, empenhados em aperfeiçoar o seu próprio currículo. Os professores fracos são rapidamente substituídos, inclusive no meio rural, procurando sair do ensino rotineiro.
A pesquisa aponta, também, que existem fatores culturais, como a expectativa dos pais, além da forma de se integrarem no sistema. O trabalho duro dos estudantes em culturas similares mostra que somente isto não explica os resultados. Há uma interação com a meritocracia implantada em alguns países.
Como a pesquisa é ampla, envolvendo diversos países, podem se fazer muitas correlações para explicar os resultados. Mas elas parecem não se aplicar à China. Existem muitas questões que ainda não foram explicadas adequadamente. Alguns analistas tentam correlacionar com o desenvolvimento da região, mas elas indicaram que mesmo no meio rural chinês se consegue obter bons resultados.
Alguns chegam a afirmar que existe um excesso de educação na China, mas observa-se que algo semelhante também ocorre na Coreia do Sul, com fortes estímulos das chaebol, os conglomerados coreanos que empregam muitos dos formados, em boas condições. Outros afirmam que estes resultados educacionais poderiam ser comprometidos com uma desaceleração econômica chinesa, mas eles vêm sendo obtidos com salários baixos, em termos internacionais.
Quando o novo governo brasileiro decidir dar elevada prioridade para a educação, parece útil observar estes estudos que estão sendo efetuados em diversos países.