Artigo do Professor Delfim Netto
11 de janeiro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia | Tags: mais arte do que ciência, perspectivas de longo prazo, posições pragmáticas e moderadas | 2 Comentários »
Mesmo um tanto hermético para os não iniciados, o professor Delfim Netto tem se destacado por apresentações equilibradas e pragmáticas sobre a política econômica no Brasil. Num artigo publicado na sua coluna no jornal Valor Econômico, analisa a longa construção de um país com todas as condições para manter um crescimento econômico equilibrado, ou seja, sem muitas pressões inflacionárias e um razoável equilíbrio das contas externas.
Refere-se ao processo democrático que permitiu a alternância no poder para a presidente Dilma Rousseff, expressando a vontade do povo expresso nas eleições livres. Do ponto de vista econômico, o Brasil se mantém com um equilíbrio fiscal razoável, com as despesas contidas dentro dos limites da arrecadação, ao mesmo tempo em que a dívida pública com relação ao PIB diminui lentamente.
Ele entende que, desde a Constituição de 1988, o Brasil vem construindo uma sociedade republicana, onde todos estão submetidos à lei, cujo garantidor é o Supremo Tribunal Federal. Vem aperfeiçoando as instituições, harmonizando a política fiscal e monetária para reduzir, paulatinamente, a taxa de juros, com um Estado indutor do desenvolvimento, arbitrando a distribuição dos excedentes entre o capital e o trabalho. O setor privado é fundamental neste processo.
Delfim Netto entende que os ventos favoráveis de todo o mundo, que beneficiou o Brasil de 2003 a 2008 acabaram. É preciso enfrentar as adversidades externas e ampliar o mercado interno, com muita racionalidade. O mundo começa a recuperar-se da crise de 2008, mas a competição continuará acirrada.
Ele entende que o Banco Central aperfeiçoou-se nestes últimos anos, deixando de ser dogmático para compreender que a política econômica é mais arte que ciência, por mais que tenham se desenvolvidos os instrumentos de análise econométrica, dos quais ele foi um dos introdutores no Brasil. Estes sofisticados instrumentos de análise são úteis, mas dependem fortemente das hipóteses que são utilizadas, não sendo varinhas mágicas que podem ser arrogantemente manipulados por cientistas privilegiados.
O Brasil tem todas as condições para se sair razoavelmente nos próximos anos, graças ao trabalho de sua população e a natureza com a qual fomos aquinhoados, contando com dirigentes capacitados que devem prestar contas dos seus atos para os eleitores.
Caro Paulo,
Vou participar amanhã, dia 13 de janeiro, de um café da manhã com mesa redonda sobre o Brasil, patrocinado pelo Korea Economic Daily, um dos principais jornais econômicos da Coréia do Sul. Terá também a participação do Presidente da KOTRA, do Korea Financial Investment e do Miraeasset, instituições de primeiro plano aqui na Coréia. Devo fazer apresentação sobre o papel do Brasil no G-20, pontos fortes e fracos da atual economia brasileira e perspectivas de sinergias com a Coréia. Gostaria de contar também com suas luzes e do Prof. Delfin para incluir na minha palestra. Se puder me mandar o artigo do Prof Delfin e eventuais subsídios adicionais até hoje à noite (horário de Seul) ficaria muito grato.
A propósito, estarei no Brasil de 26 de janeiro a 6 de fevereiro. Espero encontrá-lo nesse período.
FUJITA
Caro Embaixador Edmundo Fujita,
Obrigado pelo email. Estou enviando outro com o artigo do Prof. Delfim Netto e algumas sugestões minhas.
Paulo Yokota