Dificuldades das Generalizações das Análises de Risco
27 de janeiro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia | Tags: agências de rating, artigos no Wall Street Journal e no Financial Times, endividamento público japonês
Agências de rating que foram criadas para auxiliar na compreensão dos fenômenos financeiros que estejam afetando países e empresas continuam prestando desserviços, aumentando as confusões. Anunciaram a redução do grau de avaliação da dívida pública japonesa, apesar do quadro japonês ser totalmente diferente dos usuais. Que o crescimento da dívida pública do Japão é preocupante, não resta a menor dúvida, mas fazer paralelo ao que está acontecendo na Grécia e outros países europeus não faz nenhum sentido.
Dois artigos publicados nos respeitados Wall Street Journal e no Financial Times chamam a atenção para esta insensatez. Todos sabem que a dívida pública japonesa é sustentada pelas poupanças locais que estão entre as mais elevadas do mundo, e que são aplicadas com prazos longos e custos extremamente baixos. O Japão difere totalmente dos países que dependem dos financiamentos externos que, quando não são suficientes, podem provocar o chamado default, ou seja, a incapacidade de honrar os compromissos externos assumidos.
Assuntos econômico-financeiros são complexos e exigem análises cuidadosas de especialistas, que muitas vezes possuem interesses enviesados. Eles especulam nos mercados que analisam, procurando obter lucros com pequenas arbitragens, ou sejam, pequenas margens entre suas compras e vendas, quase sempre especulativas, que no total acabam representando cifras expressivas. Os investidores normais acabam sendo suas vítimas, pois seus comportamentos morais são guiados somente pelos próprios interesses.
A crise de 2008 mostrou o quanto eles se importam com os outros, e continuam resistindo às regulamentações mínimas que tendam a reduzir suas margens de atuação, provocando a redução dos riscos gerais, que são inerentes às atividades financeiras.
O que se recomenda são atitudes cautelosas procurando minimizar os riscos, que são proporcionais às ambições de ganhos. Cada caso necessita ser avaliado com todo o cuidado, pois pequenas diferenças de situação alteram radicalmente os potenciais resultados.
As autoridades japonesas precisam tomar medidas corretivas, pois passam por um longo período de baixo crescimento da economia, e com um quadro deflacionário, ou seja, onde muitos preços declinam continuamente. Muitos planos já foram tentados, mas não conseguem reverter o quadro, quase sempre implicando em despesas que oneram a sua dívida pública.
Os japoneses, que foram criados num arquipélago, com limitações de recursos naturais tendem a reduzir seus consumos para se defender de uma conjuntura adversa. Quando na maioria das economias os consumidores necessitam ser contidos, ainda que muitos japoneses estejam sendo estimulados, continuam mantendo consumos baixos. Isto faz com que as análises usuais em outros países tenham sentidos diversos no Japão.
O particular comportamento econômico vigente naquele país cunhou a expressão “cultura de Galápagos”. Portanto, cuidados redobrados quando se analisa a economia japonesa.