Mais Que Somente o Crescimento
7 de janeiro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: artigo no Financial Times, crescimento e outros objetivos, economias desenvolvidas
Um estimulante artigo publicado por David Pilling no Financial Times provoca reflexões sobre a atual estagnação econômica do Japão, elevado endividamento e declínio de suas empresas, que podem ser válidos também para outras economias desenvolvidas da Europa. Muitos observadores estrangeiros veem com tristeza o que está acontecendo no país do Sol Nascente, segundo o autor. Em 1994, o PIB japonês representava 17,9% da mundial, e este percentual está reduzido a 8,76% no ano passado, parecendo por outros dados que o Japão perdeu o rumo que tinha. Muitas causas podem ser apontadas para levar a esta situação, mas David Pilling acha que isto não explica toda a história do que está acontecendo.
Segundo ele, um país pode ser avaliado pelos resultados que empresários estrangeiros podem realizar naquele país. Outra forma seria o propósito desta economia nacional ajudar outros países parceiros. Uma proposição diferente pode ser levantada para a avaliação, que seria a finalidade de servir ao seu povo, medida pela a renda real per capita, que resulta num quadro diferente. Nos últimos cinco anos, segundo Paul Sheard, da Nomura, o Japão por este indicador cresceu 0,3% ao ano, enquanto os Estados Unidos 0,0%.
Os próprios japoneses, segundo o autor, referem-se ao seu país, frequentemente, pelas medidas de bem estar que não se referem ao PIB como segurança, limpeza, culinária de nível internacional e ausência de tensões sociais. Os japoneses vivem mais que em qualquer outro país, com expectativa de vida de 82,17 anos, superior ao dos Estados Unidos, que é de 78 anos. O desemprego, ainda que elevado pelos padrões japoneses, é a metade dos norte-americanos. A criminalidade está entre os mais baixos do mundo.
Informa que num artigo publicado pelo professor de literatura Norihiro Kato no The New York Times, de forma provocativa segundo David Pilling, a atitude de não consumo dos jovens japoneses poderia ser uma vanguarda de um movimento de downsizing. Kato escreveu que é tempo de olhar para coisas mais importantes. Patrick Smith, outro especialista em Ásia, afirma que o Japão procura preservar a sua cultura e o ritmo de vida, sem se restringir a perseguir um crescimento econômico.
O articulista afirma que todas estas colocações precisam ser consideradas com a devida reserva, apontando que o percentual de suicídio é elevado no Japão e a opinião pública refletida numa pesquisa mostra que eles se consideram exageradamente devedores, e que a vida neste século para eles não deverá ser fácil.
Observando do outro lado do mundo, parece que existem para o Japão algumas alternativas mais dinâmicas. Na primeira, constatando que já existe uma tendência entre alguns japoneses de se considerarem asiáticos, de forma semelhante a da comunidade europeia, até nas iniciativas oficiais, com uma maior integração do Extremo Oriente.
Na segunda, tentarem associações com países de regiões distantes como os da América do Sul, com os quais não contam com tensões históricas. E, finalmente, a de se considerarem suficientemente desenvolvidos economicamente, procurando outras formas de afirmação da sua identidade, como as que foram esboçadas nestas notas. Em todas elas, haverá necessidade de um grande esforço para estabelecer um mínimo de consenso interno, como costuma ser da cultura japonesa.