Clima Mundial Preocupante
11 de fevereiro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: a crise do Egito, acumulação de problemas, mundo emergente, problemas asiáticos
Todos sabem que a economia mundial é um animal muito arredio que teme os riscos decorrentes das incertezas que parecem estar aumentando por todos os lugares. A crise no Egito é a sua atual face mais dramática onde as manifestações populares que começaram na Tunísia provocaram a renúncia do Hosni Mubarak, sem que haja indícios sobre como será o futuro da região. Mais do que este fato, o lamentável foram os serviços de inteligência das potências internacionais se mostrarem incapazes de fornecer um quadro mais preciso das tendências, não fornecendo indícios de potenciais problemas em todo o mundo árabe. Ao mesmo tempo em que ocorreram vazamentos lamentáveis de informações diplomáticas dos Estados Unidos, que constrangeram a muitos dos seus aliados.
Sente-se também um aumento das tensões ainda latentes com o rápido crescimento econômico, político e militar da China, e a relativa queda da influência norte-americana na segurança dos mares que separam aquele país com seus principais vizinhos. Os apetites chineses em assegurarem os produtos indispensáveis para a manutenção do seu crescimento econômico prenunciam a intensificação das pesquisas em águas profundas.
Todos acreditam que se trata do interesse geral manter um razoável equilíbrio entre potências que estão tendo os seus poderes desgastados, com aqueles que estão num processo de ascensão. Mesmo que existam outros fatores que provoquem apreciáveis custos sociais diante dos envelhecimentos de algumas populações.
Ainda que todos admitam que o poder mundial necessita ser partilhado por maior número de países, ainda não se desenha claramente como ele ficará, por exemplo, no Grupo dos 20, com a participação de alguns emergentes. Mesmo com a tendência à consolidação da Organização Mundial do Comércio, os arranjos do Banco Internacional de Compensações não são suficientes para impor controles para as instituições financeiras privadas que, mesmo com a crise de 2008, continuam sem regulamentações adequadas.
Os fluxos financeiros internacionais, exagerados e em grandes montantes, podem provocar movimentos bruscos decorrentes das mudanças no quadro psicológico coletivo. Principalmente quando muitas decisões são tomadas por referências estabelecidas por duvidosas análises com usos de informática sem ponderações humanas, que também não são tão racionais como seriam de se desejar.
É evidente que a humanidade dispõe de mecanismos instintivos para a sua sobrevivência, não se aguardando crise agudas no futuro próximo. Mas seria sensato que regras adicionais de controle sejam estabelecidas no mundo financeiro, pois os interesses coletivos devem prevalecer aos de alguns segmentos.