Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

O Significado do PIB Chinês e Japonês

15 de fevereiro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: o PIB chinês e japonês, outros problemas relacionados, tamanho de suas populações

A humanidade sempre viveu de marcos e símbolos que precisam ser profundamente analisados nos seus significados. A oficialização dos dados que demonstram que o PIB chinês ultrapassou o japonês acabaram ganhando manchetes em muitos jornais do mundo, para decepção de muitos nipônicos, mas pouco festejo de cidadãos do País do Meio. Até pelo contrário, muitas observações dos chineses indicam uma preocupação, com novas pressões internacionais que devem sofrer.

O ponderado jornal econômico The Wall Street Journal publicou uma matéria mostrando que a diferença das cifras do PIB chinês de US$ 5,88 trilhões, que vem crescendo rapidamente, não difere muito do US$ 5,47 trilhões do japonês, estando muito longe dos US$ 14,66 trilhões dos norte-americanos, pelos dados publicados em janeiro deste ano. Em termos per capita, o da China ainda está somente em um décimo do Japão, entre os mais pobres do mundo, que leva uma ex-autoridade chinesa a descrever como “um país rico, com população pobre”. Mas o jornal alerta que os japoneses têm sido aliados geopolíticos dos norte-americanos, mas os chineses potenciais desafiadores.

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Tanto é que o jornal People´s Daily, oficial do Partido Comunista Chinês publicou um artigo com o título “A China ultrapassa o Japão para se tornar a segunda economia do mundo – mas não a segunda mais forte”. Temem que se tornando um titã econômico tenha obrigações para um país que continua pobre, como os relacionados à poluição, respeito aos direitos humanos, respeito aos direitos de propriedade intelectual, política cambial e de juros subsidiados e outras questões mais relacionadas com o comércio internacional.

O The Wall Street Journal reporta que a complexa reação reflete que a China continua com defasagens com relação ao Japão em muitos aspectos. Os chineses não contam ainda com empresas que tenham uma influência global.

Contrastando com a ascendente China, o Japão encontra-se com problemas, sendo que o último índice de confiança internacional levantado pela Nielsen, a China está com média de 90 enquanto o Japão com 54. Isto está levando as autoridades japonesas a transformar o Japão num centro de criatividade e inovações, com um programa de promoção das indústrias criativas.

Os próprios estudantes chineses que se encontram no Japão comentam sobre quando a China poderá contar com uma vida confortável como a que vêm no Japão. Eles sentem que o Japão se mantém no mesmo nível elevado, enquanto a China vem crescendo rapidamente. Os chineses continuam procurando o Japão para se aperfeiçoarem.

Eles acham que os japoneses não entendem totalmente a China, ficando com a impressão que se trata de um lugar perigoso, com uma autocracia e sem sofisticação internacional, como muitos outros estrangeiros veem aquele país.

Numa discussão na FIESP, apontaram-se os subsídios chineses, e a manipulação do seu câmbio como fatores que tornam seus produtos competitivos no Brasil. Reconhecem que as autoridades brasileiras não procuram pensar a prazo mais longo, mantendo um custo local mais elevado e um câmbio valorizado. Não concedem condições para suas indústrias possam colocar seus produtos no mercado internacional, salvo quando tiram vantagens de suas matérias primas minerais ou agropecuárias.

Na realidade, cada país tem cuidar melhor dos seus interesses, e os chineses o estão fazendo, apesar da reclamação do resto do mundo. Prometem continuar a mantê-los, enquanto forem pobres em termos per capita.