Participação Japonesa nos Grandes Projetos Brasileiros
14 de fevereiro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia | Tags: abundância de pequenas missões, atuação japonesa nos grandes projetos brasileiros, projeto como o trem rápido e usinas atômicas
São constantes as informações sobre a vinda de missões empresariais japonesas ao Brasil para cogitar da participação de projetos. Não há dúvidas de que a economia interna do Japão ainda está com um crescimento modesto e que existem poucas perspectivas de uma aceleração, diante de uma população extremamente idosa que representa pesados encargos aos que se encontram na faixa ativa. Uma alternativa é o aumento dos seus investimentos no exterior, notadamente nas economias emergentes. A primeira prioridade japonesa volta-se aos seus vizinhos asiáticos, ainda que existam lamentáveis resquícios da Segunda Guerra Mundial. O Brasil, que possui uma imagem positiva dos japoneses, fica distante do Japão, e seus principais dirigentes não se dispõem a uma ação coordenada e intensa, notadamente na área política.
Ainda que estejam sendo tomadas iniciativas japonesas relacionadas à Índia, ao Vietnam, à Turquia e outros países emergentes, com uma maior coordenação das atividades oficiais com as privadas, são tênues as informações sobre o mesmo tipo de ação com relação aos grandes projetos brasileiros. Informa-se sobre a possível retomada do interesse japonês no projeto do trem rápido ligando Campinas, São Paulo, Cumbica e Rio de Janeiro, o que seria interessante, mas exige um grande empenho que ainda não está se constatando. E sempre existem dúvidas sobre a sua viabilidade econômica.
Trem rápido que liga Tóquio a Quioto. Usina nuclear projetada pela Toshiba
Todos sabem que o Brasil é um país que vem merecendo atenções especiais tanto dos norte-americanos, europeus como de muitos asiáticos, entre eles chineses, coreanos e indianos. A presença local de grandes grupos de construção pesada, bem como fornecedores tradicionais de equipamentos pesados, exige uma coordenação complexa dos projetos, tanto envolvendo autoridades como todos os possíveis parceiros, com um gigantesco trabalho prévio para se obter o sucesso nas concorrências. O primeiro passo sempre é o contato entre autoridades, pois em tais projetos a participação oficial é sempre acentuada, e pouco se ouve falar destas providências, pois parece que as autoridades japonesas possuem outras prioridades. O deslocamento de altas autoridades japonesas até o Brasil, que não contam no momento com elevado prestígio interno, é sempre difícil, pois acaba exigindo uma viagem que demanda muito tempo.
O nível de entendimento internacional dos grandes grupos privados japoneses ainda é pequeno, principalmente com tradicionais fornecedores estrangeiros. No caso das usinas atômicas, a Toshiba hoje controla a Westinghouse, que tem tradição nos Estados Unidos, e os projetos japoneses têm a fama de serem extremamente seguros, ao longo de muito tempo. Ainda que entendimentos tenham sido estabelecidos com grandes grupos locais de engenharia pesada, muitos grupos japoneses não são ainda suficientemente ágeis nestes arranjos, principalmente quando é sempre conveniente que a coordenação seja ampla, envolvendo setores políticos e autoridades públicas. Os japoneses ficaram com a fama de serem demorados em suas decisões e contarem com pouca flexibilidade para eventuais alterações nas composições de última hora.
Os japoneses estão ainda arraigados aos antigos procedimentos, não utilizando muito as consultorias externas que sempre podem ajudar em muitos países, principalmente nos grandes projetos. Quando se tratam de pequenos projetos, suas equipes internas e a assistência de suas agências oficiais podem ser suficientes, mas muitos recomendam um enraizamento local mais profundo.
Alguns esforços estão sendo efetuados para superar estas limitações, mas ainda não parecem suficientemente seguros.