Presença Chinesa no Pré-Sal Brasileiro
21 de fevereiro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: artigo no Valor Econômico, comparações com o BG Group inglês, investimentos chineses no pré-sal brasileiro
Um extenso e cuidadoso artigo de Cláudia Schüffner foi publicado no jornal Valor Econômico de hoje, reportando que os investimentos chineses no pré-sal já se aproxima meteoricamente dos da BG Group inglês, com aplicações superiores a US$ 10 bilhões, tendo acesso a uma área de 1.232 quilômetros quadrados nas bacias de Campos, Santos e Espírito Santo. A área do BG Group soma uma área de 1.361 quilômetros quadrados, segundo o artigo.
A China Petroleum & Chemical Corporation (Sinopec) teria adquirido 40% da espanhola Repsol nos campos Carioca e Guará, sendo a maior operação. A Sinochem teria adquirido 40% do campo Pelegrino, da norueguesa Statoil. Os chineses não teriam ido às concorrências da Agência Nacional de Petróleo, dispondo-se de poucas informações sobre os possíveis comprometimentos de fornecimentos das produções.
Como os contratos obtidos pelos chineses na África implicam em fornecimentos de petróleo, emprego de mão de obra chinesa, preferência para aquisição de equipamentos e serviços chineses, outros seus concorrentes temem que existam compromissos semelhantes no caso brasileiro.
Existem diferentes opiniões sobre as vantagens e desvantagens da participação chinesa. Que ela está aumentando as reservas mundiais já localizadas e cubadas não há dúvidas. Que o Brasil está mais organizado para defender os seus interesses também não se pode duvidar.
Tudo indica que os chineses, além de contarem com um forte suprimento mundial de petróleo, gás e outros derivados indispensáveis para o seu desenvolvimento, também estão interessados em acumular experiências tecnológicas em águas profundas, como ocorre potencialmente também na Ásia.
A China já emprestou US$ 10 bilhões para a Petrobras, operação que contou com a presença de Xi Jinping no Brasil, apontado como o próximo presidente chinês para consolidar o seu interesse no aumento do intercâmbio bilateral. Como a exploração do pré-sal envolve novas tecnologias, riscos elevados e volumes substanciais de recursos, tudo indica que as autoridades brasileiras estão levando o conjunto de fatores em consideração.
Como outros países emergentes, a própria China e a Índia, o Brasil deve estar considerando o aprofundamento dos intercâmbios com outros grandes países. A próxima visita do presidente Barack Obama dos Estados Unidos é uma indicação neste sentido.
Não há dúvidas que a maior transparência de todos os aspectos destes acordos ajuda a galvanizar a opinião da imprensa e a pública, dando maior respaldo as ações governamentais. Mas, lamentavelmente, a Petrobras não tem sido muito profícua no fornecimento destas informações, como tudo que acontece no gigantesco mercado mundial de petróleo.