Problemas na Agricultura Indiana
21 de fevereiro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia | Tags: artigo do The New York Times, discrepância com o que acontece com outros emergentes, o desenvolvimento agrícola indiano | 2 Comentários »
Um interessante artigo de Vikas Bajaj, do The New York Times, foi publicado no suplemento da Folha de S.Paulo de hoje. Depois da Revolução Verde dos anos 60 e 70, que melhorou as sementes, fertilizantes e técnicas agrícolas beneficiando países como a Índia e o Brasil, as pesquisas agropecuárias continuaram elevando a oferta de alimentos nos países chamados atualmente de emergentes. Isto tem acontecido no Brasil e na China que, além de atender as suas necessidades, ajudam no suprimento mundial.
A economia indiana tem crescido cerca de 9% ao ano, o que aumenta também o seu consumo interno de alimentos pela melhoria da renda da sua população. Se a agricultura não acompanha este crescimento, ficando em torno de 3%, quando existem irregularidades climáticas como neste ano, acaba sendo necessária a importação de produtos agrícolas, ao mesmo tempo em que ocorrem pressões sobre os seus preços. Isto está trazendo problemas para a economia daquele país.
Pequenos agricultores ainda são maioria na Índia
Na agricultura indiana, predomina a pequena propriedade onde é mais difícil aumentar a produtividade, mas alguns avanços estão sendo conseguidos em países emergentes. Na China, a passagem de sistemas coletivos e a ampliação das vantagens do uso do mercado propiciaram crescimentos de suas produções, mesmo com a transferência de muitos trabalhadores para as atividades industriais e de serviços.
Na Índia, as mudanças e os investimentos no setor agrícola não têm sido expressivos depois da Revolução Verde que melhorou a sua produtividade. Os preços dos alimentos têm subido de forma expressiva, prejudicando sua população mais pobre.
Os agricultores indianos não estão sendo beneficiados por sistemas eficientes de irrigação, continuando tradicionais. Mesmo com os subsídios na energia elétrica e nos equipamentos de irrigação, eles continuam fora das possibilidades de muitos produtores pobres.
Os acadêmicos indianos apontam medidas que poderiam ser tomadas e as autoridades se mostram dispostas a tomá-las, mas a escala em que elas devem ser implementadas ainda não atendem as necessidades do país.
Há um esboço de intercâmbio entre o Brasil e a Índia nestas técnicas de produção agrícola, mas as dimensões brasileiras são bem superiores às hindus. Alguns produtos agrícolas são similares, mas outros apresentam sensíveis diferenças, sendo que a pecuária daquele país não é expressiva dada às restrições culturais e religiosas.
O problema da Índia é ainda pior que da China, porque até onde eu saiba lá não tem politica do filho único ou alguma forma de frear o crescimento populacional, trocando em miúdos os indianos se procriam que nem coelhos enjaulados.
Assim, mesmo com novas técnicas de produção agrícola não estão sendo suficientes pra abocanhar a superpopulação destes dois países e mesmo a do resto mundo, podendo acarretar no aumento de pobres e comprometendo a economia, pois a população gastará mais dinheiro na compra de alimentos em detrimento dos supérfluos manufaturados eletrônicos, produtos mais produzidos na China.
O Brasil 2° maior exportador de alimentos do mundo, rumo ao 1° colocado, poderá se beneficiar das desgraças do outros vendendo tais produtos com preço de manufaturados. Pode ser uma oportunidade de ouro das empresas nacionais.
Caro Tiago,
Obrigado por acessar o nosso site. A dimensão populacional é um fator positivo a médio e longo prazo. A China está crescendo rapidamente por dispôr de uma população estimada por alguns especialistas como próximo de 1,5 bilhão. A Índia tem uma população mais jovem, e alguns analistas acham que deve superar a China e os Estados Unidos nas próximas décadas. Pode ser que tenham problemas de curto prazo, mas a Índia vem crescendo em média 6% ao ano nos últimos 30 anos.
A curto e médio prazo o Brasil será beneficiado, mas deve investir mais em educação, pesquisa e desenvolvimento tecnológico, pois ainda estamos crescendo bem menos que os indianos e os chineses.
Paulo Yokota