Relatório Especial Sobre Abastecimento Mundial
28 de fevereiro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia | Tags: G20 considera uma prioridade, preços reais elevados, relatório especial do The Economist sobre abastecimento de alimentos | 2 Comentários »
Os preços dos alimentos estão os mais elevados desde 1984 em termos reais, agravando problemas de todas as ordens, fazendo com que o G20 considere a segurança alimentar entre as prioridades deste ano. Para o The Economist, há que distinguir problemas entre estruturais, temporários e irrelevantes e muitas autoridades econômicas o considera como o último e não o primeiro. Os altos preços se devem principalmente às razões temporárias, como as irregularidades climáticas em muitas regiões produtoras. Entre as razões estruturais, as gigantes China e Índia estão demandando mais alimentos de vários tipos com seus crescimentos.
O relatório estima que, em função do crescimento populacional e econômico dos emergentes, a produção de alimentos precisa crescer 70% até 2050. Existem limitações de áreas cultiváveis e água, com pequenas possibilidades de ganhos de produção com fertilizantes. Pela primeira vez desde 1960, o crescimento da produção de arroz e trigo está abaixo do crescimento populacional. Há dificuldades para alimentar os 9 bilhões de habitantes do mundo em 2050 adequadamente. Há que se estimular, ironicamente, os produtores com a alta dos preços, ao lado da eliminação do desperdício que chega a um terço do total produzido em muitos países pobres.
Muitos países, como o México e o Brasil, estão executando eficientes programas para melhorar a alimentação dos mais pobres. E o relatório entende que programas como o subsídio para o etanol a partir do milho, como dos Estados Unidos, estão prejudicando as alimentações. As pesquisas, como estão sendo feitas pelos brasileiros, ajudam a prosseguir nos ganhos obtidos pela Revolução Verde dos anos 1960, aumentando a produção. Com o chamado CG system, uma rede de instituições governamentais, está se efetuando pesquisas com arroz, trigo, milho e pecuária. Os gigantes emergentes como a China, a Índia, o Brasil e a Rússia têm a chance de conquistar respeito mundial ajudando com suas pesquisas a aumentar a produção de alimentos.
Um centro de pesquisa inglês chamado Broadbalk mostrou que entre 1960 a 2005 se conseguiu quadruplicar a produtividade por hectare cultivado de trigo. Muitas autoridades públicas e fundações privadas estão dando a máxima prioridade às pesquisas agrícolas. Mas as indústrias alimentícias, segundo o relatório, precisam contribuir para que a alimentação da população melhore utilizando estes produtos agrícolas, não contribuindo para agravar os problemas como de obesidade.
Os especialistas entendem que produzir as calorias indispensáveis para alimentar 9 bilhões de habitantes em 2050 é uma tarefa mais fácil do que foi executado no passado. A Revolução Verde comandada pelo Prêmio Nobel Norman Borlaug permitiu a melhoria da produtividade com a melhoria das sementes. Entre 1961 a 1990, o aumento dela para o trigo, milho, arroz e soja foi expressivamente maior que os do período mais recente entre 1990 a 2007.
Esta queda da melhoria pode ser atribuída, segundo o relatório, às preocupações com o meio ambiente e qualidade dos alimentos, como o uso dos produtos orgânicos. Há controvérsias e desafios para a compatibilização destas preocupações, de forma a enfrentar a necessidade de alimentação adequada de uma população que cresce 1,2% ao ano.
Segundo o relatório, o programa de biocombustível perseguido por muitos países não é a solução adequada, na forma que vem sendo feito. Apontam que o Brasil produz etanol a partir da cana, que se mostra eficiente no problema ambiental, mas nos Estados Unidos produz-se com baixa eficiência a partir do milho, exigindo pesados subsídios.
O relatório aponta que o sucesso obtido pelo Brasil com a exploração do cerrado permitiu o aproveitamento de áreas de baixa produtividade, podendo se estender para áreas africanas similares. O problema se transfere para a existência da água necessária e eliminação dos desperdícios, inclusive com as pragas.
Outra dificuldade repousa na expansão da pecuária, que apresenta problemas ecológicos. Há que se encontrar formas de produzir mais em menos áreas, como já vem sendo conseguido em muitas regiões. Os melhoramentos genéticos podem auxiliar nesta área, segundo o relatório.
Outra questão é a dos produtos geneticamente modificados, que continuam provocando controvérsias. Também aqui o relatório é otimista com relação aos avanços científicos que podem ser obtidos. O relatório debate também o problema da obesidade, que pode ser melhorado com o uso maior de produtos marinhos, bem como educações sobre os hábitos de consumo.
O relatório mostra-se otimista, pois pela primeira vez a humanidade conta com produção suficiente para alimentar toda a população, apesar dos problemas existentes. E deposita muitas esperanças no desenvolvimento da produção nos países emergentes como o Brasil, que vem superando suas dificuldades com as pesquisas, transformando-se num grande fornecedor mundial de alimentos.
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Info Brasil,
Obrigado pela menção.
Paulo Yokota