A Difícil Arte da Comunicação no Mundo Globalizado
26 de março de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias | Tags: novos meios eletrônicos, o problema dos jornais, tentando acompanhar a evolução
Entre as inúmeras lições que aprendemos com os lamentáveis problemas enfrentados pelo Japão com os terremotos, tsunamis, radiações e todos os demais problemas associados, notamos os dramas das comunicações. Recebemos de uma brasileira residente no Japão a mensagem que nos gratifica e tomamos a liberdade de tornar pública:
1. Claudia Mera
3 escreveu às 07:57 em 24 de março de 2011:
Moro no interior de Shizuoka e seus textos me deixam tão tranquila quanto o governo dizendo que não há perigo aqui. Queria que minha família no Brasil compartilhasse de minha tranquilidade e confiança de que amanhã será um lindo dia.
GANBARE NIPPON!!!
Vamos aproveitar este gancho, que muito agradecemos à cara Claudia Mera, para explicar as insignificantes tentativas de tentar esclarecer os brasileiros que vivem no Japão, bem como seus familiares e amigos que vivem no Brasil. Recebemos outras informações dos problemas que os estão afetando, e dentro das nossas limitadas possibilidades estamos procurando ajudar a evitar pânicos decorrentes da falta de informação, ou pior, de informações incorretas ou boatos.
Solicitamos a um jornal brasileiro que vem cobrindo amplamente os dramas do Japão, para datar as notícias, pois muitas delas acabam sendo publicadas depois que o quadro já se alterou, como no caso das radiações dos vegetais, leite e derivados como água, o que pode provocar preocupações desnecessárias dos parentes e amigos residentes no Brasil.
Solicitamos ao ministro brasileiro Aloísio Mercadante, de Ciência e Tecnologia a quem está subordinado o CNEN, para completar a cartilha distribuída no Japão para evitarem as contaminações, oferecendo esclarecimentos sobre as diversas escalas de radiação, em português, comparando com dados conhecidos popularmente, como o uso do Raio X, Tomografia Computarizada. Ele prometeu instruir o CNEN neste sentido. Os padrões japoneses são rigorosos, e se referem ao consumo ou exposição, todos os dias, ao longo de um ano.
Tudo que pode provocar pânico deve ser evitado, como vem fazendo responsavelmente os japoneses, pois em nada ajuda nesta crise. Não se trata de ocultar informações graves, mas de bem informar com a velocidade indispensável, como muitos brasileiros estão fazendo utilizando sites, blogs e twitter, ainda que nem sempre seja possível fornecer detalhes dos estudos que dão suporte as informações. Para quem consegue ler em inglês, parece que o site do Yomiuri Online vem fornecendo referências importantes, como os que temos procurado incluir no nosso. Para os que acham que estamos parciais, incluímos opiniões estrangeiras de revistas de peso como The Economist.
Estamos estimulando autoridades brasileiras a expressarem a solidariedade aos seus patrícios que estão sofrendo no Japão, com as limitações a que estão sujeitos, como racionamento escalonado de energia elétrica, temporária escassez de combustíveis, alguns alimentos e água, assim mesmo efetuando um heróico trabalho de voluntários para ajudarem as vítimas. Vocês são uns heróis, embaixadores do Brasil no Japão, e aqueles que por ventura desejarem voltar para cá, suas experiências internacionais são fundamentais para o futuro desenvolvimento brasileiro. Procuramos não ficar somente em palavras, mas sugerir mecanismos concretos para ajudá-los, pois são os valiosos recursos humanos que tanto necessitamos.
Mas, para os que desejarem permanecer no Japão, estamos certos que a reconstrução desse país provocará um novo surto de desenvolvimento como indicam muitos estudos sobre o terremoto de Kobe, furação Katrina e dezenas de outros acidentes naturais, efetuados por conceituados acadêmicos. Notadamente, porque o estóico povo japonês está sendo ajudado pelo elevado naipe dos brasileiros que se encontram no Japão, como outros estrangeiros.
Se o Brasil está razoavelmente bem é porque conta com migrantes e seus descendentes, internos e externos, que, como já dizia Euclides da Cunha, “são antes de tudo uns fortes”.