Brasileiros Ajudam na Atual Crise Japonesa Evitando o Pânico
16 de março de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias | Tags: ajuda dos brasileiros na defesa civil, evitando o pânico, resignação e comportamento sereno dos japoneses
Todos estão conscientes da gravidade dos problemas enfrentados pelos japoneses, notadamente no seu litoral do nordeste do Japão, e as consequências dos terremotos e tsunamis que continuam se repetindo em diversas localidades. Um dos casos que vem sendo destacado pelo Itamaraty e pela imprensa brasileira é o caso do empresário brasileiro Walter Saito que fez uma doação importante de arroz e deslocou-se como voluntário de Saitama, onde trabalha, para Sendai e Fukushima, a pedido do Consulado do Brasil.
Ele, com autorização especial para uso de combustível e uso de uma rodovia interditada, utilizada somente para socorros, conseguiu transportar 19 dos cerca de 30 brasileiros residentes na região de Fukushima para Saitama, onde possui apartamentos cujos aluguéis possivelmente serão pagos pelo Itamaraty. Utilizou um ônibus e um caminhão para desempenhar a tarefa. Ele se deslocou de uma região de menor contaminação radioativa para uma maior, e não conseguiu recolher todos, pois está havendo dificuldades de transporte em decorrência do racionamento de combustível, tráfego e outras limitações, e nem todos os brasileiros conseguiram chegar a tempo no lugar de concentração. Há também pessoas que se recusam a evacuar, principalmente se fora dos limites de 30 quilômetros dos locais dos vazamentos das usinas, pois a população se mantém calma.
Muitos brasileiros estão fazendo trabalhos anônimos, como uma brasileira cujo filho estuda na Escola Americana, frequentada por filhos de estrangeiros em Tóquio. Correu o boato que blecaute de energia elétrica seria geral entre os estrangeiros, que contam com menores facilidades para as informações objetivas fornecidas pelas autoridades. Ela passou a utilizar os sistemas eletrônicos de informação disponíveis para esclarecer que se trata da interrupção temporária e escalonada por região.
Ponderei com um importante jornal brasileiro que utilizou em seus títulos cinco vezes a palavra “pânico”, quando os correspondentes enviados ao Japão, ainda que impressionados com os estragos, vêm populares resignados e calmos, o que foi notado inclusive pela TV CNN.
Há um esforço nacional no Japão para evitar o pânico e os boatos, e somente pessoas autorizadas estão dando entrevistas com base em dados objetivos. Evita-se fazer conjecturas sobre a evolução futura que ainda é incerta. Evita-se a propagação de cenas chocantes envolvendo vítimas, como deve ser o respeito que todos devem ter com elas. Mesmo pedido, um analista japonês recusou-se dar uma entrevista para uma TV brasileira informando que não estava de todos os dados oficiais.
Um psicólogo informou-me que é natural que a violência humana provoca uma aversão das pessoas normais. Os acidentes naturais estimulam a solidariedade, que no caso do Japão, onde o povo vive num arquipélago, todos estão mais conscientes desta necessidade.