Diferenças de Engajamento dos Japoneses e Estrangeiros
24 de março de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais | Tags: comportamentos diferentes diante dos riscos atuais no Japão, estrangeiros que estão se afastando das regiões de maior risco | 2 Comentários »
As empresas japonesas estavam num processo para aumentar a presença de estrangeiros nos seus quadros de funcionários, inclusive nas suas unidades no Japão. O jornal The Wall Street Journal, num artigo reproduzido em português pelo jornal Valor Econômico, mostra as dificuldades que estão ocorrendo entre eles, pois muitos estrangeiros que passaram a ser chamados de “flyjin”, uma fusão simplificada de duas palavras fly (voar) e gaijin (estrangeiro), procuraram se afastar das regiões que consideram de maior risco, inclusive para o exterior.
Lamentável e compreensivelmente, alguns países recomendaram aos seus cidadãos saírem do Japão, diante das contaminações baixas de radiações, além da continuidade dos terremotos, secundários para outras cidades asiáticas como Hong Kong, Cingapura ou localizadas mais ao sul, como a ilha de Okinawa, Osaka. Em sua maioria, elas apresentam idênticas dificuldades de terremoto ou efeitos mais graves de tsunami.
O artigo da jornalista Mariko Sanchanta admite que a vida no Japão está voltando, aos poucos, para o normal, ainda que continuem existindo restrições, como o racionamento de energia elétrica e de combustíveis, algumas deficiências nas prateleiras dos supermercados ou dificuldades com o sistema “just on time” nos componentes de produtos industriais.
Tanto é que o canal em japonês da NHK, televisão oficial japonesa que estava concentrada nos noticiários relacionados aos problemas de terremoto, radiações, socorro às vítimas, procura dos desaparecidos e trabalhos de reconstrução já mudou parte de sua programação. Voltou a transmitir as novelas japonesas, bem como os jogos de beisebol da liga colegial do Japão, ainda com constantes interrupções diante de novos tremores ou notícias mais urgentes sobre o desenvolvimento da crise.
Um amigo japonês que reside em Tóquio informa que está havendo um verdadeiro tsunami de informações de diversas origens, fazendo com que haja até uma perigosa neurose. Ficar ouvindo rádio, por exemplo, deixa os ouvintes estressados, pois são constantes as informações de novos tremores, nas mais variadas regiões.
A maioria dos funcionários japoneses das diversas empresas, melhor informada sobre a evolução dos acontecimentos ou mais acostumada com estes problemas, está se engajando nos trabalhos, inclusive voluntários, procurando manter-se ocupada. Os estrangeiros, ainda que compreendendo a língua local, e muitos não possuem esta habilidade, ficam mais estressados com as mais variadas informações que recebem para os quais nem sempre estão capacitados para avaliar os riscos.
Como é da cultura japonesa, quando existe um desastre natural desta natureza, há uma forte aglutinação de todos para a reconstrução, da qual nem todos os estrangeiros participam. Os japoneses fortalecem seus sentimentos nacionalistas e os que não estão engajados acabam sofrendo uma discriminação, ainda que sejam japoneses. A pressão social é elevada.
Parece natural que acabe acontecendo algumas tensões entre os diferentes grupos.
So que tem uma questao na crise de 2008 muitos brasileiros ficaram e comecaram a passar fome. Entao acho melhor ir embora , pois vai ficar esperando a situacao piorar para que?
Detalhe a maioria dos brasileiros nao recebem quando nao trabalham, entao porque eles devem ficar no Japao sem dinheiro?
E facil japones criticar mas na hora de pagar o extrangeiros ninguem que pagar.
Caro Carlos,
O assunto tratado no artigo refere-se a funcionários de grandes companhias japonesas contratados no exterior, como norte-americanos e europeus, que deixaram o Japão quando suas embaixadas recomendaram se transferirem. Não se referem aos trabalhadores estrangeiros que residem no Japão, para empregos temporários. Desculpem-me se o texto permitiu esta confusão.
Paulo Yokota