Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Dificuldades Japonesas Exigem Mudanças em Todo o Mundo

21 de março de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias | Tags: as barreiras para o tsunami, outras lições, problemas com as usinas atômicas

Os lamentáveis desastres naturais no Japão estão forçando a revisão de uma série de exigências de segurança vigentes em todo o mundo. O primeiro, que já provocou a paralisação de algumas usinas atômicas mais antigas em alguns países, vai reforçar as exigências de segurança de todas elas, provocando a necessidade de proteções adicionais bem como novas exigências para as situações de emergência, como os mecanismos adicionais de desaquecimento dos reatores. De outro lado, as medidas de barragem dos tsunamis mostraram-se insuficientes para a violência da natureza, exigindo revisões nas mesmas, ainda que tivessem provocado o atraso no avanço dos tsunamis.

O sistema de alarme antecipado dos sismos, bem como das possibilidades de tsunami, não permite antecipações adequadas quando nas regiões mais próximas do litoral, mas a velocidade dos mesmos pelos oceanos impressiona a todos, proporciona o tempo para medidas preventivas, que não foram consideradas com a devida atenção. As tecnologias de construção e os sistemas de defesa civil do Japão estão proporcionando conhecimentos úteis para outros países mais sujeitos a fenômenos semelhantes.

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Barreiras não foram capazaes de deter ondas com cerca de 10 metros de altura

O The New York Times, no suplemento publicado na Folha de S.Paulo, publica dois artigos extensos sobre as usinas atômicas e os diques de defesa do tsunami, dando informações que devem interessar a todos. Como o programa de ampliação da rede de usinas atômicas em todo o mundo é expressivo, estas lições necessitam ser levadas a sério. Muitos países contam com poucas alternativas ao uso da energia atômica e alguns especialistas estimam que seus custos devam subir sensivelmente com as novas medidas adicionais de segurança.

Infelizmente, as demandas de alternativas vão elevar o custo de matérias-primas como o petróleo. Mesmo os de custos mais elevados, mas menos poluentes, como a solar e a eólica, devem ter um incremento.

As tecnologias de barreiras devem ser aperfeiçoadas, pois, mesmo que os acidentes naturais possam superá-las, mostram que retardam os tsunamis, proporcionando mais tempo para que as populações dos litorais se desloquem para pontos mais seguros. Em muitas localidades japonesas, muitas pessoas se salvaram com estas medidas. Em outros países, sempre que possíveis, grandes concentrações urbanas e usinas atômicas devem evitar áreas próximas ao nível do mar e nas falhas geológicas onde se encontram as placas tectônicas.

A tecnologia de construção dos grandes edifícios se mostrou adequada e deve ser utilizada mais intensivamente em outros países. Se não resistissem a terremotos de mais de 8 graus Richter, milhões de vítimas poderiam ser acrescidos. No Japão, como existem possibilidades de incêndios depois dos terremotos, os materiais utilizados nas construções precisam ser anti-inflamáveis, como em muitos países. Incêndios poderiam ser reduzidos em qualquer país com o seu uso mais intensivo.

A defesa civil, apesar das proporções dos desastres japoneses, vem se mostrando eficiente e pode ser usada para outros desastres naturais, como inundações. A troca de experiências sobre o assunto deve melhorar todos os serviços, que podem salvar muitas vidas. Países como o Brasil necessitam aproveitar as assistências que estão sendo oferecidas por países mais organizados, como o Japão.

Treinamentos preventivos da população, como são intensos no Japão, necessitam ser adotados nas áreas potencialmente de risco mais elevado. É preciso aprender com os lamentáveis desastres, para minorar os efeitos dos inevitáveis. Evitar o pânico continua sendo de grande importância.