Efeitos Econômicos do Terremoto e Tsunami no Japão
13 de março de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: estudos existentes sobre prejuízos de desastres naturais, o caso de Kobe, problemas das usinas atômicas, rodízio no corte de energia elétrica | 38 Comentários »
Uma dúvida que está intrigando a todos os analistas são os efeitos econômicos dos terremotos e tsunamis na economia japonesa, que se encontrava em situação frágil. A Reuters, por exemplo, elaborou um relatório especial sobre o problema, mostrando que os grandes desastres naturais nas economias desenvolvidas não provocaram efeitos significantes. Mas existem circunstâncias especiais no Japão atual que não permitem conclusões claras, pois existem fatores estimulantes como limitações.
O atual desastre vem provocando uma devastação estimada em cerca de 700 vezes a que ocorreu na região de Kobe em 1995, que não alterou a evolução do PIB japonês naquele ano. Está havendo uma aglutinação significativa de toda a sociedade japonesa, fazendo com que a oposição política declare que apoiará o governo em todas as medidas para minorar as dificuldades do povo do Japão. Os trabalhos de reconstrução estimulam a economia, mas o poder público japonês está extremamente endividado, tendo limitações para a mobilização de novos recursos para as obras necessárias. No entanto, toda a dívida pública vem sendo financiada pelas poupanças do povo japonês, não dependendo do exterior, como em muitos países em dificuldades.
As características do povo japonês, mais que de outros países, tendem a juntar os seus esforços nos desastres naturais, pois tem a cultura de um arquipélago, onde todos dependem dos demais de forma mais direta. As poupanças japonesas, onde o principal instrumento são os depósitos no sistema de correios, representam volumes impressionantes, estáveis, e com custos extremamente baixos. Eles podem ser mobilizados para as compras dos bônus do governo japonês, com custos baixos e prazos longos.
A região mais afetada do Japão não é de concentração industrial, que se situa na área mais próxima de Tóquio e se prolonga para o sul. No entanto, naquele país utiliza-se muito o sistema do “just on time”, pois contavam com sistema eficiente de logística, exigindo poucos estoques de componentes industriais. Foi o aspecto que imobilizou muitas indústrias no episódio de Kobe. Mas foi instituído um sistema de rodízio de corte de energia elétrica por região, por algumas horas durante cada dia, pois sem as usinas atômicas há um risco de black out nacional.
O sistema de transportes está prejudicado, e necessitará de tempo para ser totalmente restaurado. Isto provoca dificuldades nas atividades econômicas, mas as preocupações com o abastecimento da população são de prazo mais curto, pois a agricultura que foi atingida representa hoje menos de 20% da alimentação japonesa.
A dimensão do desastre atual é inusitada. Não há forma de avaliar os prejuízos sobre os recursos humanos, pois muitos estão traumatizados, sofrendo naturais dificuldades psicológicas. Algumas organizações estrangeiras cogitam transferir parte do seu pessoal para áreas menos sujeitas a desastres desta natureza.
O sistema bancário, ainda com dificuldades de comunicação, já começa a funcionar para proporcionar recursos financeiros aos afetados. As prateleiras dos supermercados estão vazias, mas o seu reabastecimento depende do sistema logístico, que pode ocorrer em algumas semanas, ainda que sofrendo limitações.
Quanto aos dados da estagnação da economia japonesa nas últimas décadas, ela pode estar superestimada, pois muitas empresas japonesas cresceram no exterior, na China como no sudeste asiático que passou a ser importante para o abastecimento japonês, inclusive de componentes e produtos industrializados como confecções e eletrodomésticos.
Os poucos estudos econômicos existentes informam que os efeitos dos prejuízos patrimoniais, em países desenvolvidos, não afetam demais a economia, que pode ser estimulada pelas obras necessárias. Com a mobilização de toda a sociedade japonesa, com a ajuda marginal do exterior, tudo indica que a economia japonesa vai acabar se recuperando, podendo representar um desafio que não se observava no Japão recente.
nossa que horror que coisa feia que esta acontecendo no japão ta feio a coisa por la
Cara Lais,
Existem problemas como demonstração de estoicismo do povo japonês. Acompanhe, por favor, os demais artigos postados neste site.
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Paulo Yokota
queremos saber mais sobre a situaçao economica do japão , antes e depois dos terremotos, de 2011. pra um trabalho, sobre o japão.
Cara Luana,
A economia japonesa sofreu grandes prejuizos materais, que estão estimados em cerca de US$ 300 bilhões, mas os humanos foram mais acentuados, e entre mortos e desaparecidos está próximo de 30.000 pessoas. Mas, mais de 90% dos aeorportos, estradas e portos já estão reconstruidos, ainda que haja mais de 100 terremotos, nos últimos 30 dias, com escala superior a 6 no critério Richter.
A região mais atingida é das mais pobres no Japão, o seu nordeste, onde a concentração urbana e industrial não mais elevada, vivendo muito da agricultura e da pesca. Mas, aproveitando a mão de obra mais barata do Japão, muitas indústrias de componentes e montagens de autos e eletrônicos se localizam nestas áreas.
Há uma grande integração no Japão, inclusive com o exterior. Estes danos se propagam por outras regiões e países. A reconstrução vai acabar estimulando a economia japonesa, como nos outros casos de acidentes naturais, mas vai levar algum tempo. O que se espera é que haja algo como depois da Segunda Guerra Mundial, quando o Japão assombrou o mundo com o chamado Milagre Econômico, com a ajuda de muitos países, inclusive o Brasil.
Em economia, o problema é sempre transformar "limão em limonada", usar as dificuldades como desafios que reunem toda a população, e no caso do Japão, por terem que conviver num arquipélago pouco beneficado pela natureza, as pessoas se unem mais facilmente.
Em todos estes processos os recursos humanos são os mais importantes: o Japão os tem, ao mesmo tempo que tecnologia e uma elevada poupança, podendo efetuar a sua construção com elas. Mas, depende de mercados externos.
Paulo Yokota
QUERIA SABER SOBRE A SOCIEDADE DEPOIS DESSA CATASTROFE
Cara Beatriz,
Quando ocorre um desastre natural desta magnitude, há um tendência de provocar mudanças substanciais na sociedade, principalmente do ponto de vista econômico, no seu comportamento coletivo. Assim, no caso japonês, está havendo uma aglutinação nacional mais forte, com todos se envolvendo na reconstrução, permitindo que se repita algo parecido com o que ocorreu depois de serem bombardeados atomicamente, determinando o fim da Segunda Guerra Mundial. No resto do mundo também haverá impactos, com maior resistência ao uso da energia atômica, elevando os preços das diversas fontes de energia. A tendência das sociedades é utilizarem tecnologias economizadoras de energia, como já está ocorrendo no Japão.
A solidariedade internacional também está funcionando, com os norte-americanos e russos, além de chineses colaborando com os japoneses, entre outros povos. Os brasileiros residentes no Japão, que somam cerca de 250.000 pessoas, também, estão ajudando, inclusive nos trabalhos voluntários.
Todos ficam sensibilizados com as tragédias naturais, aumentando a solidariedade humana.
Paulo Yokota
E sobre a cultura? Afetou muita coisa?
Cara Fernanda Borba,
Agradeço pelas questões. Todos os desafios naturais tendem a aglutinar qualquer população e no caso do Japão ocorre o mesmo, inclusive do ponto de vista cultural. Mas, estão admitindo que não podem viver isolados, dependendo muito do intercâmbio internacional. Os japoneses podem contribuir com uma boa base cultural, mas no mundo globalizado, estão aprendendo que existem também outras culturas a serem absorvidas.
Paulo Yokota
queria saber como está a situação economica dos brasileiros residentes no japão
Caro Joãozinho,
Obrigado pela pergunta. Uma parte dos brasileiros residentes no Japão, estimado grosseiramente em 20%, retornaram para o Brasil. Os que já estão consolidados no Japão, continuam bem, mas sofrendo com os frequentes abalos que continuam afetando aquele país. O volume de trabalhos extras diminuiu sensivelmente, e muitos são obrigados a trabalharem à noite ou no fim de semana, diante dos rodízios que as empresas japonesas continuam efetuando, para evitar o consumo de energia nos horários de pico. Mas é preciso afirmar que muitos estão bem, com suas atividades normais no Japão, tendo se tornado grandes, médios e pequenos empresários. Muitos dos seus filhos estão chegando ou se diplomando no sistema universitário japonês, e existem até os que possuem empresas multinaciionais atuando em diversos países asiáticos. São brasileiros lutadores que nos orgulham.
Paulo Yokota
Parabéns pelo site, muito explicativo e bem organizado! Serviu muito para meu estudo sobre os abalos sísmicos no Japão.
CaraTalitha,
Obrigado pelo uso do site.
Paulo Yokota
Olá Paulo! Ótimo site! Muito informativo!
Eu gostaria que se possível, me informasse como está a situação do Japão agora, quase um ano e meio após o desastre, em seus aspectos econômicos, sociais, políticos, culturais… Pesquisei nos jornais, mas as reportagens eram muito superficiais. Se puder me ajudar nesta curiosidade, fico imensamente grata!
Cara Jeniffer Modenuti,
O Japão está um pouco melhor do que se imagina do exterior. No entanto, persistem áreas com elevado grau de radioatividade, e lutam com o problema da falta de energia neste verão pelo qual estão passando. Efetuam investimentos para ativar a economia, principalmente na área da construção civil, com muitos novos edifícios. Mas, muitas das suas empresas estão se tornando multinacionais e hoje os japoneses são os maiores investidores no exterior, tanto na China, na Ásia como na Europa e nos Estados Unidos. Os países emergentes estão merecendo atenções. Estão elevando os impostos pois a sua dívida pública é elevada, ainda que seus custos sejam os mais baixos do mundo. Estão fazendo pesquisas de nível internacional e descobriram grandes reservas de terras raras que são utilizadas em tecnologias de ponta. Os tremores são constantes, ainda que variadas intensidades. A população está envelhecendo e diminuindo o que faz com que a sua demanda não seja muito elevada. Enfrentam problemas políticos, falta de líderes verdadeiros, inclusive no setor empresarial. Mas, como um país rico, com patrimônios familiares elevados, os consumos de produtos de luxo surpreendem os analistas. Estão intensificando os relacionamentos com seus vizinhos como a Coreia e a China, e devem tentar formar uma zona de livre comércio com eles, evitando problemas como os que existem na Comunidade Européia.
O crescimento da Ásia, apesar de ter se reduzido, continua alto em termos internacionais, e isto estimula todas as economias da região. Os problemas que enfrentam são dos países maduros, que crescem menos que os emergentes.
Estas descobertas de minérios no Pacífico são desafios como o do pré-sal no Brasil e devem estimular novas pesquisas para a sua exploração, e são reservas gigantescas. Competem com a China na exploração das águas profundas. Muito resumidamente, existem como em todos os lugares, aspectos que caminham melhor, e outros que são mais problemáticos, mas continuam lutando com muita garra, na minha opinião.
Paulo Yokota
Olá.
Antes de mais, gostaria de salientar o conteúdo do seu site que é documentalmente bastante valioso.
A minha questão prende-se com a forma como as empresas avaliam o risco na tomada das suas decisões.
Exemplo disso foi a Ford que antes dizia que fazia os carros da côr que o cliente quisesse, desde que fosse preto, ironicamente ficou sem poder produzir carros dessa côr após o abalo no Japão, pois era o único fornecedor que tinha.
Como é que esta catástrofe no Japão alterou a forma como as empresas passaram a medir, calcular o risco. Economicamente e socialmente justificam determinadas decisões.
Obrigado e continue com um ótimo trabalho.
Cumprimentos,
Carlos Pinho
Caro Carlos Pinho,
Obrigado pelo uso do site.
Pelo que entendí de sua pergunta, V.gostaria de saber como as empresas estão evitando tais riscos. Muitas empresas estao diversificando a produção de componentes bem como de fornecedores, para ficar sem alternativas. Mas, nem sempre isto é fácil, pois existem problemas de escala.
Paulo Yokota
Parabéns pelo site muito informativo.
Gostaria de saber como está a situação do Japão atualmente?
Caro Murilo Silva,
Obrigado pelo comentário. Muitas coisas já foram reconstruida, mas existem três grandes problemas. O primeiro é o lixo que ficou acumulado, muitos deles contaminados por radiações, que são difíceis de serem eliminados. Segundo, as terras da região atingida continuam com contaminações radioativas, ainda que mais baixas, o mesmo acontecendo com o mar que poderia ser utilizado para a produção de moluscos e ostras, por exemplo. Terceiro, existe uma resistência da populãção japonesa na aceitação da energia nuclear, lembrando que foi a única atingida pelas bombas atômicas. Mas, no resto a economia continua se recuperando devendo crescer cerca de 2,5% neste ano, mais que o Brasil.
Paulo Yokota
Senhor Paulo Yokota, parabéns pelo site, mas peço que me enforme também sobre o que ainda está “em pé” no Japão. Queria saber o que o terremoto não afetou nos outros tópicos.
Caro Wilker Santos,
Todos os países enfrentam as suas dificuldades, e ao fazê-los acabam avançando em outros setores. O Japão é um grande gerado de tecnologias, como os que economizam energia, que é escasso e caro naquele país. O seu sistema educacional está se internacionalizando, recebendo e enviando estudantes de e para todo o mundo. Tendo uma cultura consolidada, continua dando a sua contribuição. A eficiência do seu setor de serviços é elevado, e tudo costuma ser muito cortez, com forte respeito pelas outras pessoas. É um país que vale a pena conhecer e muitos estão aproveitando as oportunidades que são ricas em diversas fases do ano. O seu setor de construção civil é avançado, pois resistem aos fortes terremotos. Seu sistema de transportes de massa é invejável.
Paulo Yokota
Como ficou a economia mundial depois do tsunami em 2010?
Caro Rafael,
Obrigado pela pergunta. Uma parte dos países emergentes, depois de um curto período de desaceleração, voltou a crescer, num ritmo menor que a anterior, como o caso da China, alguns países do sudeste asiático, outros países africanos e alguns países latino-americanos. O crescimento dos Estados Unidos ainda está baixo, e a maioria dos europeus com dificuldades. Mas, alem de deixar piorar, as recuperações estão difíceis. Há uma nova realidade no mundo, e está se tentando reduzir o poder do setor financeiro internacional continuar a fazer estragos. As dividas públicas se elevaram, e é preciso aumentar impostos e reduzir despesas governamentais.
Paulo Yokota
Obrigado. O site muito bom me ajudou na pesquisa.
Caro Matheus,
Obrigado pelo uso do site.
Paulo Yokota
Cara Paulo, obrigada por me ajudar, o site está ótimo mas gostaria de saber sobre o tsunami que teve no continente asiático em 2011 . Desde já obrigada.
Cara Leticia Gomes,
O tsunami de 2011 no nordeste do Japão foi dos mais violentos, mas espalhou-se pelo Pacífico, sendo que alguns resíduos continuam chegando até a América do Norte. Seus efeitos mais devastadores foram sobre o litoral nordestino do Japão, e até hoje os efeitos das radiações que ocorreram na usina atômica de Fukushima continuam prejudicando tanto os agricultores, moradores e principalmente nas atividades dos pescadores. Houve, também, uma redução da capacidade de geração de energia elétrica no Japão, provocando a necessidade de sua economia. O preconceito que existe sobre a radiação é grande, e muitos não desejam voltar mais para a região, continuando em acampamentos provisórios em outras regiões. As principais reconstruções já foram efetuadas, mas existem lixos radioativos que ainda precisam ser removidos.
Paulo Yokota
Gostaria de saber como era a ecomonia do Japão antes do terremoto e do tsunami e qual foi o impacto depois desses desastres naturais.
Esse desastre afetou na economia do Brasil? Qual foi o impacto?
Parabéns pelo site, desse já agradeco.
Cara Janaina,
A economia japonesa já vinha de duas décadas de baixo crescimento. Recentemente, houve uma mudança de governo, que voltou para o Partido Liberal Democrata, que está tentando ativar sua economia, contando com um bom suporte. O Brasil foi pouco afetado, com a suspensão temporária de alguns produtos provenientes da região afetada, mas já está normalizado. Como existe um problema de contaminação radioativa, a população do nordeste do Japão continua com dificuldades.
Paulo Yokota
Adorei a explicaçao, mas queria saber, quais foram os efeitos fisicos nesse terremoto?
Cara Julia,
Houve uma contaminação radioativa em muitas áreas agrícolas e pesqueiras do nordeste do Japão, e os produtos da região não estão sendo aceitos pelos mercados, que temem suas consequências. Ainda existem muitos que não voltaram para a região, também com medo das radiações. Com isto aumentou a resistência para o uso da energia atômica no Japão, fazendo com que as autoridades tenham que buscar novas fontes ou economizar o consumo de energia. Todos procuram colaborar.
Paulo Yokota
Este site é muito bom e me ajudou a fazer os estudos sobre abalos sísmicos.
Caro Guilherme,
Obrigado pelo comentário. Favor utilizar também outras fontes científicas.
Paulo Yokota
Olá amigo, primeiramente queria agradecer por você ter criado esse site, você ajudou varias pessoas no ano de 2011 e até hoje, com notícias do ocorrido no Japão. Meus parabéns.
Caro Fernando Martins,
Obrigado pelo comentário. A intenção deste site é informar um pouco sobre a Ásia, não se restringindo somente ao Japão, reconhecendo que se noticia mais sobre o Japão, pela maior disponibilidade de fontes.
Paulo Yokota
Há soluções para o tsunami?
Cara Isabele,
Infelizmente não, como não existe para o terremoto. Mas, está se montando um sistema internacional que permite avisar, com antecedência os possíveis tsunamis e minimizar os seus efeitos danosos sobre populações que moram no litoral que podem ser atingidos.
Paulo Yokota
Oi Paulo muito bom o seu site, usei para um trabalho na escola.
Obrigado,
Andre
Caro André,
Muito obrigado, procure utilizar também outras fontes.
Paulo Yokota