Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Chanceler Antonio Patriota Visita o Japão

16 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Intercâmbios | Tags: comunidade dos brasileiros, condolências, restabelecimento das importações | 6 Comentários »

Depois de participar a comitiva da presidente Dilma Rousseff na sua visita à China e participação na reunião de cúpula dos BRICS, o ministro de Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, visita o Japão. O jornal Nikkei noticiou o seu encontro com seu colega ministro dos Negócios Estrangeiros do Japão, Takeaki Matsumoto, quando apresentou as condolências oficiais do Brasil às vítimas dos terremotos e tsunami no Japão, depois de participar dos entendimentos bilaterais. O Itamaraty informa que ele deve se encontrar também com representantes da comunidade dos brasileiros residentes naquele país, que estão preocupados com a sequência dos terremotos e engajados nos trabalhos voluntários às vítimas.

O chanceler brasileiro prometeu eliminar as restrições à importação de produtos alimentícios japoneses logo que se consiga o controle das radiações da usina nuclear de Fukushima, e contribuir nos trabalhos de reconstrução do Japão. Deve-se lembrar que o Brasil foi dos primeiros que ajudaram aquele país depois do término da Segunda Guerra Mundial, encomendando navios para os estaleiros japoneses que estavam sendo convertido da construção de equipamentos militares para os de uso civil.

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Antonio Patriota cumprimenta Takeaki Matsumoto


6 Comentários para “Chanceler Antonio Patriota Visita o Japão”

  1. naomi
    1  escreveu às 07:49 em 17 de abril de 2011:

    Caro Paulo, traduzindo pergunta que muitos se fizeram intima ou abertamente: a Presidente não perdeu a grande chance de habitar definitivamente no coração de grande parcela recalcitrante brasileira ao decidir não dar uma chegada ao Japão pessoalmente, levar uma palavrinha de amizade e consôlo, " já que estava na área" (leste asiático)? Afinal, Brasil e Japão têm afinidades muito além de interesses puramente econômicos, muito além de outros países como França, EUA, etc. Para muitos, o governo brasileiro vacilou. Ou existiriam aí ressalvas mais racionais para além da nossa vã e pretensiosa filosofia? Desculpe a nossa ignorância.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 11:55 em 17 de abril de 2011:

    Cara Naomi Doy,

    A diplomacia internacional é cheia de nuances simbólicas. Os Estados Unidos também enviaram a Hillary Clinton, que também exerce as funções equivalentes a de Antonio Patriota, mas ela foi recebida pelo Primeiro Ministro e pelo Imperador e pela Imperatriz. O Brasil não tem esta importância. Os japoneses já manifestaram no passado que não vêem com bons olhos uma “passagem” pelo país, aproveitando outras visitas importantes como a que foi feita à China.
    Não estou informado completamente sobre o assunto da pauta diplomática, mas os japoneses, apesar do Brasil ter se empenhado no uso da tecnologia daquele país de TV Digital de Alta Definição, inclusive pelos vizinhos sul americanos não se esforçou na implantação de uma indústria de semi-condutores (que era entendida pelos brasileiros como uma espécie de contrapartida), que está sendo feita por outros países, assunto que a Dilma Rousseff se empenhou pessoalmente, quando Secretária no Rio Grande do Sul e como Ministra.
    No fundo, pode ser que o Japão, lamentavelmente, não vem dando ao Brasil a importância que o país merece, com muitas missões e conversas, mas nada de porte. E quando faz algo, não divulga, como se não fossemos um país democrático, que depende da opinião pública. A indústria automobilística japonesa no Brasil é um brinquedo, ainda que a Toyota esteja aquí no Brasil desde 1957 (eles mesmo só consideram “indústria” o que produzir mais de 400.000 unidades por ano, e depois de mais de cincoenta anos, não chegaram a sua metade ainda). Os japoneses dizem claramente que sua prioridade é asiática.
    Ainda que parte do que os chineses e coreanos fazem no Brasil visem seus benefícios nacionais, como é natural, o Japão veio falhando na sua política externa, e são totalmente contra o “lips service”. Muitos dos projetos japoneses neste país não tiveram prosseguimento, pois havia uma autoridade japonesa que afirmou e continua afirmando que os países pobres da África são mais importantes que o Brasil que deve andar com suas próprias pernas.
    E como estou postando num novo artigo, o Japão está ficando cada vez mais dependente dos Estados Unidos, e o Brasil adota uma política internacional mais independente, que não é apreciada por eles. Falam muito dos direitos humanos, com o que concordamos, mas não têm a força para acabar com Guantanamo, promessa explicita de Barack Obama.
    Pessoalmente, também acho que Dilma Rousseff poderia fazer um gesto mais claro, principalmente levando em conta os brasileiros que moram no Japão. Mas é preciso entender, também, que o empresariado japonês que está no Brasil sempre criticou os petistas e continua apresentando reservas à nova administração. Ela poderia ter superado todas estas contrariedades, com um gesto de grandeza, mas ela é uma pessoa muito metódica, com tudo planejado a longo prazo, e a visita à China aproveitou uma reunião do BRICS. No seu devido tempo ela visitará os Estados Unidos e o Japão, dentro de um planejamento estratégico de longo prazo.
    É preciso, nos assuntos bilaterais, que haja também uma mudança na política japonesa, que esperamos seja provocada pelos lamentáveis acidentes geográficos recentes. Os presidentes das maiores potências do mundo visitam o Brasil, mas os primeiros ministros japoneses tentam sobreviver dando mais importância aos seus distritos eleitorais, o que dificulta projetos importantes como o trem rápido, usinas nucleares, pré-sal etc.
    Os negócios públicos são bastante complicados, e faz-se o que pode, nem sempre o que se deseja. Há uma necessidade de uma visão estratégica global, e Dilma Rousseff foi uma das primeiras a enviar ao governo japonês suas manifestações oficiais de condolências.

    Paulo Yokota

  3. José Comessu
    3  escreveu às 16:32 em 17 de abril de 2011:

    Caro Paulo.

    Gostaria de uma opinião ou mesmo , se possível,um artigo sobre o mercado de trabalho brasileiro.

    Na semana passada a Folha de S. P. soltou uma matéria de uma ex dekassegui que encontrou dificuldades na inserção no retorno ao Brasil.

    Agora abro o Estadão de hoje (via IPAD) e vejo que empresas estão abaixando as exigencias para contratação, buscam desesperadamente mão de obra usando autofalantes e até em missas nas igrejas.

    Isso me lembra dos tempos do milagre econômico, onde acontecia a mesma coisa.

    Alias você testemunhou esse "milagre" de dentro do governo Medici.

    Não estamos revendo o mesmo filme?

  4. Paulo Yokota
    4  escreveu às 01:51 em 18 de abril de 2011:

    Caro José Comessu,

    No geral o mercado de trabalho continua numa alta surpreendente, mesmo nestes primeiros meses de 2011. A falta de recursos humanos é generalizada, desde engenheiros, técnicos até simples empreada doméstica. Lamentavelmente, sempre existem alguns dificuldades pessoais, mas acredito que com um pouco de empenho e tempo as pessoas que estejam retornando do exterior conseguirão uma colocação razoável. Nao acredito que seja uma bolha, mas uma tendência de longo prazo, pois as autoridades estão empenhadas numa visão de muitos anos. E existem eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas que devem estimular maiores demandas de recursos humanos.

    Paulo Yokota

  5. Jose Comessu
    5  escreveu às 02:30 em 18 de abril de 2011:

    Opa! Favor considerar apenas o último comentario.
    E acrescento mais uma pergunta:
    Afinal quem diz a verdade a Folha ou o Estadão.
    Se estão baixando as exigências por que a ex dekassegui encontrou dificuldades na colocação.
    Ou a experiência dekassegui é tão inútil assim?

  6. Paulo Yokota
    6  escreveu às 02:10 em 18 de abril de 2011:

    Caro José Comessu,

    O mercado brasileiro de recursos humanos está favorável para os que retornam do exterior, pois muitas empresas estrangeiras estão implantando ou ampliando seus projetos no Brasil, inclusive japonesas. Sempre existe um problema de adaptação, pois eles estão acostumados com salários em moeda estrangeira. É preciso considerar que o câmbio deixa o Real extremamente valorizado, como vinha ocorrendo com o iene japonês, que desvalorizou recentemente pela intervenção coordenada de diversas autoridades monetárias.
    Este certo que com um pouco de paciência e empenho, todos conseguirão seus empregos, dentro das condições brasileiras. A economia brasileira está num momento de crescimento, ainda que por causa das pressões inflacionárias, o governo tenha que tomar algumas medidas monetárias para desaquecer a demanda, que continua muito forte, temporariamente.

    Paulo Yokota