Indícios de Ruptura da Unanimidade na Ásia
25 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: dificuldades dos controles tradicionais, indícios na Coreia e na China, problemas inflacionários | 4 Comentários »
Muitos indícios mostram que algumas unanimidades alcançadas na Ásia estão apresentando dificuldades, que se procura contornar pelas formas mais variadas. Na Coreia, segundo notícias divulgadas pelo Financial Times, as chaebols, grandes conglomerados econômicos de base familiar que permitiram escala para o desenvolvimento do país, a fim de competir com grupos como os japoneses, começam a sofrer pressões para deixar espaços para as pequenas e médias empresas, estimuladas pelo governo. No passado, havia uma forte coordenação dos interesses destes grupos com os poderes constituídos, mas levantam-se novas aspirações que necessitam ser acomodadas, e o ex-primeiro-ministro Chung Un-chan comanda uma comissão criada para proteger as pequenas e médias empresas, reservando-lhes espaço para desenvolverem suas atividades nas indústrias alimentícias.
De forma similar, ainda que a economia chinesa seja controlada pelo Partido Comunista Chinês, que é único, a disseminação do processo inflacionário, mais amplo do que desejado pelas autoridades, acaba por provocar manifestações dos trabalhadores pelas melhorias de suas condições. Como as que ocorrem com muita frequência atualmente com os empregados nas fábricas das indústrias automobilísticas estrangeiras de Guangdong, motoristas de caminhões de Xangai ou trabalhadores rurais.
O ex-ministro coreano Chung Un-chan e o empresário chinês Liu Changle
Os especialistas em China no exterior recebem dezenas de e-mails diários que expressam as diversidades de opiniões de grupos dentro daquele país, utilizando artifícios que não podem ser controlados pelas autoridades.
Liu Changle, da Phoenix Satellite, TV chinesa, detém o único canal privado autorizado a operar na China, e trabalhou nos Estados Unidos por um período. Ele é membro do Partido Comunista, e tem um entendimento com Rupert Murdoch, a grande personalidade mundial das comunicações. Mantém os seus jornalistas com liberdade relativa, tendo noticiado assuntos controversos naquele país. Mantém suas críticas aos problemas políticos da China de forma positiva e construtiva. Ele afirmou ao Financial Time: “Of course that is in conflict with and objetive and fair media. But it is better than being negative, malevolent and descructive” (tradução livre: “Claro que está em conflito com uma mídia objetiva e justa. Mas é melhor do que ser negativa, malévola e destrutiva”).
A Coreia do Sul é considerada um país democrático, havendo evoluções dentro de um regime que convive com as necessidades de grandes unidades empresariais privadas, com forte suporte governamental. A China é considerada um país autoritário, mas o Financial Times afirma que: “The adage in western democracies that ‘all politics is local’ has a parallel in authoritarian China, where almost all social unrest is local too” (tradução livre: “O adágio nas democracias ocidentais, que ‘toda política é local’ tem um paralelo na China autoritária, onde quase todos os conflitos sociais são locais também”).
De onde parece legítimo afirmar que na Ásia está havendo um pragmatismo para acomodar os problemas pelos quais passam alguns países. O desenvolvimento econômico que está ocorrendo parece romper a unanimidade, ainda que isto signifique somente um passo modesto para a democracia, que também têm as suas imperfeições, mas continua sendo o regime que melhor acomoda a liberdade com a melhoria do nível de bem-estar das populações.
Paulo,
Parabéns pelo site !
considero um dos melhores blogs economicos do Brasil, não somente pelas informações, mas também pelo conteúdo moral, sem agredir ninguém e procurando ser sempre positivo ( é melhor deixar os comentários negativos para os sites políticos ) .
Não sei como você encontra tanto tempo para juntar tantas informações, resumir, postar e ainda responder, existe colaboração de outras pessoas?
Cara Rosana,
Muito obrigado pelos comentários. Somos uma pequena equipe de voluntários, eu com alguma experiência do Brasil e seu “fundão” (tive a oportunidade de conhecer toda a nossa fronteira internacional, do Uruguai até as Guianas, percorrer pelas pequenas cidades da Amazônia como do Nordeste, conheço bem o Centro Oeste, tenho livros publicados sobre o Sul), bem como muitas viagens pelo exterior (trabalhei na Europa com base em Geneve, nos Estados Unidos, principalmente em Washington, e em muitos países da Ásia – tive base no Japão e trabalhei na China e visitei o interior do país como suas principais cidades, na Coreia, em Cingapura, na Malária e na Tailândia e visitei a Índia), principalmente a trabalho. Naomi Doy, também com experiência internacional, procura nos ajudar com assuntos culturais, Kazu Kurita é jornalista ajudando na revisão e na ilustração, Samuel Kinoshita com cursos internaciionais na Europa e nos Estados Unidos ajuda na verificação de alguns jornais e revistas em inglês e Decio Yokota e Fernando Sakon, com experiências internacionais, nos ajuda nos detalhes tecnológicos. Temos amigos espalhados pelo mundo, e estamos convencidos que regiões importantes no mundo, como a Ásia e a América do Sul pouco se conhecem reciprocamente. Como os horários não coincidem nestes continentes, temos a vantagem de poder trabalhar dia e noite. Sempre adotamos uma posição humanista, respeitando as convicções religiosas (sou ecumenista) como as políticas.
Tentamos, precariamente, estimular os interesses de todos, de forma superficial. Temos visitantes no site de todo o mundo, pois a Google nos ajuda a traduzir para 56 linguas diferentes.
Paulo Yokota
Por favor, este substantivo masculino: adágio, no contexto, como eu poderia entender sua acepção?
Obrigada.
Cara Tânia Virginia,
Não encontrei no meu texto o emprego da palavra adágio. Não sou professor de português, pelo contrário, minha redação não é das melhores. Conheço adágio na música classica, que tem o sentido de um ritmo mais lento. Pode ser que alguem tenha sugerido que a adaptação japonesa é um pouco mais lenta.
Paulo Yokota