O Complexo Problema da Ampliação de Aeroportos no Brasil
29 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: aumento da capacidade dos atuais aeroportos, novas cogitações com o setor privado | 8 Comentários »
No último dia 27 de abril, o governo brasileiro, por intermédio do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, na presença da presidente Dilma Rousseff, anunciou que está preparando editais para a ampliação da capacidade dos aeroportos de Cumbica, Brasília e Viracopos, inclusive com a participação do setor privado. A ideia seria incorporar novos terminais aos existentes com a máxima urgência possível, para atender as demandas adicionais decorrentes da Copa do Mundo e da Olimpíada, dadas as limitações atuais da Infraero. Outros aeroportos estariam sendo cogitados para também serem ampliados no futuro, como o Galeão e Confins, além da possibilidade de se autorizar aeroportos privados.
A Infraero foi criada para a finalidade de ampliar e operar os aeroportos brasileiros, mas parece que sua baixa eficiência ficou comprovada pelas inúmeras crises, entre outras razões pelas burocracias naturais dos serviços públicos, além das dificuldades de coordenação com outros órgãos envolvidos como a ANAC com o assunto, para citar os mais importantes.
(Aeroportos de Cumbica, Brasília e Viracopos: ampliações à vista
Um interessante artigo foi publicado hoje pela Folha de S.Paulo, de autoria da jornalista Mariana Barbosa, com informações prestadas pela Fraport, empresa alemã que administra a unidade de Frankfurt, uma das mais importantes da Europa, também com experiência em Antalya, na Turquia.
O Valor Econômico, com o artigo principal escrito por Cristiano Romero, informa que muitas empreiteiras brasileiras, como a Andrade Gutierrez, Camargo Correa e a Odebrecht, além das empresas de transporte aéreo TAM e Gol, e até a Embraer, teriam interesses nestes investimentos.
O esboço privado mais avançado seria o de um consórcio liderado pela Andrade Gutierrez e Camargo Correa, em Caieiras, na Grande São Paulo. Segundo a Fraport, a experiência de compartilhamento público e privado exige uma complexa regulamentação para não permitir a preferência entre os diversos usuários, ao mesmo tempo em que preserva a sua eficiência.
Muitos outros problemas de grandes dificuldades estão presentes, como a disponibilidade de áreas tanto para as ampliações como para novos projetos, ao mesmo tempo em que se respeita o meio ambiente e os interesses dos desapropriados. Deve-se lembrar da resistência por décadas dos prejudicados pela construção do aeroporto de Narita, no Japão, que gerou um verdadeiro clima de guerra.
Os transportes rápidos e eficientes para os grandes centros urbanos são outro problema que não se consegue resolver facilmente, envolvendo trens rápidos e sistemas de metrô. É preciso entender que existem dificuldades de conexões com a rede de outros aeroportos que não apresentam a rentabilidade necessária, mas precisam ser atendidos. A dificuldade dos controles dos voos não pode ser esquecida, principalmente em áreas sujeitas a fortes nevoeiros.
Ainda que os problemas sejam urgentes e existam setores que venham estudando o assunto há tempos, a coordenação de uma questão sistêmica desta natureza exige formulações com o exame de todas as alternativas interligadas, não podendo ser resolvida facilmente por partes, sem que as outras estejam devidamente equacionadas. O mínimo que se pode sugerir é um amplo debate público, para conseguir um consenso mínimo, que diminua as resistências futuras.
Por mais que os brasileiros sejam pragmáticos, com grande capacidade de adaptação e flexibilidade, existe um mínimo de diretrizes, num plano estratégico de longo prazo, que precisam ser estabelecidas, para que haja uma eficiência razoável. Elaborá-las e discuti-las parece ser uma sugestão construtiva no momento.
Com o aumento violento da demanda de transporte aéreos nos últimos anos, até países como os Estados Unidos, ou continentes como a Europa, enfrentam graves problemas. A complexidade do assunto, com soluções custosas, não permitem uma improvisação nem a subestimação das limitações, principalmente onde a tradição de coordenação público-privada ainda está engatinhando.
Caro Paulo.
Quando a presidente Dilma falou do possível aeroporto de Caieras ,eu lembrei algo semelhante que já tinha sido discutido na década de 70.
Como não achava na internet , tive que vasculhar os arquivos da Folha de S.P.
Eis que encontro um artigo veiculado na coluna do Tavares de Miranda do dia 26 de março de 1978 (alguém se lembra dele?).
Já se passaram 33 anos, mas ainda é atual.
É de autoria do Eng Luiz Fernando do Amaral.
alguns trechos:
”Antes de mais nada é preciso que os Paulistas se convençam da absoluta necessidade de que seja construída o Aeroporto Metropolitano, o mai breve possível…
1) Congonhas já esta super carregado, não podendo ter um aumento de pousos e decolagens…”
O texto pode se lido em http://tinyurl.com/4yof9wl
Caro Jose Comessu,
Se não estou enganado, na época se falava do Aeroporto em IBIUNA, tanto que eu tinha um sítio por lá que vendí. Quanto a Caieiras, para mim, é uma idéia nova, ambos na área metropolitana do Grande São Paulo. Ambas as áreas são acidentadas, exigindo muito movimento de terras, e apresentando fortes problemas climáticos, que só se torna mais estável a partir da Serra do Japi, em Jundiaí.
Parece que a idéia de Caieiras surge porque existem algumas grandes propriedades hoje utilizadas com pouca produtividade. Desapropriações de muitos pequenos proprietários é sempre mais complicado. E os problemas de impacto ecológico devem também ser muito complexos.
Paulo Yokota
Sr° Paulo Yokota,
O pior de tudo é que o governo quer melhorar a eficiência na administração aeroportuária criando mais secretarias até mesmo prefeito pra cada aeroporto! É mole? Não!É duro muito duro pra o bolso do contribuinte, pois além de não ajudar, atrapalha ainda mais o já atrasado projeto de melhorias.
Já fui pra aeroportos de Recife, Londres e Rio que me lembro tem excelentes infraestruturas, o 2° até tem linha de metrô.
Eis minha surpresa quando vi o de Guarulhos, acabado com poucas opções de restaurantes, cheio, pessoas deitadas no chão, feito de madeira, e como se não bastasse nem Wi-Fi tem.
Típico aeroporto de uma cidade grande do 3° mundo, alias nem isto é… deve ser de 4°.
Caro Tiago,
Por ser mais idoso que V., possivelmente, conhecí uma parte substancial do mundo, nos últimos 50 anos. Visitei o interior da China quando eles tinham coisas mais precárias que as nossas, e no ano passado estive novamente em Shanghai, que era uma cidade terrível. O mesmo tipo de coisa conheci em Cingapura, desde quando a cidade era precária, e hoje é uma maravilha. Parece que o que interessa é a capacidade de renovação e melhoria. Os atuais aeroportos europeus também estão sobrecarregados, como nos Estados Unidos, dado o brutal aumento recente de passageiros de transportes aéreos. E todas as circunstâncias que o cercam, exigindo um tratamento sistémico como procurei apontar.
O Brasil, apesar de todas as dificuldades que V. aponta, estava na vanguarda de alguns setores, como continua estando em outros. O sistema logístico que desenvolvemos em conjunto com os japoneses faziam com que o minério brasileiro (de baixo valor específico) chegasse de forma competitiva nas siderurgias japonesas, no outro lado do mundo. Itaipú impressionava o mundo com sua tecnologia, tanto na construção como na operação. Na pesquisa agropecuária a Embrapa é um destaque no mundo.
Apesar das dificuldades, o Brasil está melhorando acompanhando os chamados emergentes, como a China e a Índia, e muitos mundo afora estão interessados em efetuar investimentos neste país. Poucos países no mundo conseguiram melhorar a distribuição de renda como o Brasil dos últimos anos. Pode acreditar neste país, ainda que tenhamos muitas coisas para aperfeiçoar.
Paulo Yokota
Aeroporto de Ibiúna desafogara Jundiaí
Parceria Publico Privada – PPP –
Devera ser anunciado ainda neste semestre a construção do aeroporto Municipal de Ibiúna (SP), com pista de rolagem de 2.500 metros poderá receber aeronaves com peso máximo de decolagem de ate 136.000. O local já foi definido e os estudos técnicos estão sendo finalizados. A construção sera feita por PPP entre uma construtora local e investidores Norte Americanos, a atual administração Municipal esta trabalhando para que o inicio das obras comecem ainda este ano. ” A construção deste aeroporto trara desenvolvimento sustentável para o município, e desafora o aeroporto de Jundiaí, disse um secretario “.
Ibiúna, um município localizado a 66 Km da Capital São Paulo, possui acesso pela rodovia Raposo Tavares e Bunjiro Nakao, segundo informações obtidas, o aeroporto ficara a 60 Km da capital paulista, e contara com muitos hangares, torre de controle e terminal de passageiros e de carga.
Fonte: Secretaria de Industria e comercio de Ibiúna
Obrigado pelo comentário. Eu me lembro que havia uma cogitação, há décadas, sobre o possivel aproveitamento de uma parte de Ibiuna para um aeroporto, mas o projeto foi abandonado pela necessidade de uma grande movimentação de terras, pois a região é movimentada geograficamente. No local acabou-se instalando o terminal da energia que vem a São Paulo de Itaipú. O assunto de aeroportos não é da alçada municipal. Alguns grupos privados cogitam de alternativas, mas é preciso que esteja dentro da programação federal.
Paulo Yokota
Essa semana parece que o assunto da construção de um suposto aeroporto em ibiuna voltou. o que será que vai acontecer com as chacaras ao redor vão desvalorizar ou não. Sera verdade mesmo ou é apenas para chamar votos ?
Caro Tex,
Até agora não foi aprovado nenhum aeroporto na região. Quanto à indenização, depende muito de caso a caso, mas costuma ser adequado, se efetuado como projeto publico-privado.
Paulo Yokota