Um Brasil Desconhecido Mesmo dos Brasileiros

11 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: abastecedora mundial, agroindústria no Piauí e Maranhão, mudanças nas economias emergentes

Um dos grandes problemas mundiais continua sendo o seu abastecimento com alimentos e o Brasil se mostra como um dos países onde a expansão da produção agroindustrial apresenta as melhores perspectivas. Até o passado recente, o Piauí era considerado o maior exemplo de uma região problemática, com baixo nível de renda. Mesmo os brasileiros que conhecem o meio rural brasileiro se impressionam com a rapidez do seu atual desenvolvimento. O jornal Valor Econômico traz hoje um importante artigo do jornalista Fernando Lopes com o título “Produção de grãos avança nas chapadas do ‘Mapito’” (Maranhão, Piauí e Tocantins), que pode ser acessado pelo: http://www.valoronline.com.br/impresso/agronegocios/105/410921/producao-de-graos-avanca-nas-chapadas-do-mapito

A matéria traz para os incrédulos fotos de uma fazenda de 24.000 hectares de área plantada no Estado do Piauí, bem como os equipamentos que estão sendo utilizados, que pode ser verificado parcialmente no site acima indicado. Em função dos cargos que exerci no governo federal brasileiro, tive a oportunidade de visitar cuidadosamente muitas destas áreas, que apresentavam condições semelhantes aos melhores do sudeste brasileiro, conhecido pelo seu desenvolvimento rural. A fronteira agrícola chegou lá, que apresenta uma topografia conveniente para grandes e racionais explorações rurais, das melhores do país.

O artigo que só pode ser acessado integralmente pelos assinantes do jornal mostra as áreas plantadas nos estados do Maranhão, Piauí e Tocantins e como suas produções em tonelagem vêm crescendo nos últimos anos. As explorações estão repetindo o que já aconteceu no cerrado brasileiro, que do Centro Oeste foi avançando para o Nordeste, chegando até as fronteiras da Amazônia. Eram áreas de exploração extensivas, como da pecuária de baixo rendimento, e hoje se transformaram em regiões de cultura intensiva, havendo algumas que proporcionam três safras por ano, utilizando irrigações do tipo “pivot central”. Muitas fazendas se preocupam adequadamente com a preservação das reservas florestais, pois os empresários atuais estão conscientes da necessidade dos mananciais para as águas que necessitam.

O primeiro avanço ocorreu em direção ao oeste baiano, o chamado além São Francisco, ainda com o predomínio de propriedades de médio porte, utilizando terras férteis. Hoje, com as variedades desenvolvidas pelas pesquisas efetuadas pela Embrapa, existem as que estão adaptadas às condições regionais que podem apresentar chuvas irregulares. Os antigos sistemas de aragem, que liberavam CO₂ nas explorações agrícolas, foram substituídos pelos plantios diretos, que aproveitam como fertilizantes as massas verdes resultantes das colheitas, exigindo tratos culturais menos custosos.

Os empresários que começaram com mecanizações no Sul do País, em escalas menores, deram um primeiro e importante passo quando chegaram aos cerrados do Centro Oeste, e avançam agora suas fronteiras até regiões que antes eram consideradas inóspitas. A avançada tecnologia que empregam exige maiores investimentos em equipamentos que proporcionam elevada eficiência exigindo menores quantidades de trabalhadores rurais, mas os empregados estão mais qualificados, com respeito às leis trabalhistas.

Muitos destes equipamentos contam com ar-condicionado e apresentam condições de operar mesmo à noite, dotados que estão com sistemas de localização do tipo “GPS”. Muitas críticas que são levantadas nem sempre estão fundamentadas, com desconhecimento das realidades, mesmo que sempre existam, como em quaisquer outras atividades, os que não respeitam os cuidados exigidos pela preservação do meio ambiente.

Com o avanço das agroindústrias, cada vez mais o Brasil vai deixar de ser mero exportador de produtos agrícolas, mas de matérias-primas mais elaboradas, com maior valor agregado.