Atuais Relações Sino-Americanas
11 de maio de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Política | Tags: duas maiores potências mundiais, necessidade de convivência, os diálogos estratégicos e econômicos
É interessante que o China Daily continue noticiando com destaque as reuniões dos Diálogos Estratégicos e Econômicos (Strategic and Economic Dialogue), que ocorreu em Washington nos últimos dias 9 e 10 de maio entre as delegações dos Estados Unidos e da China, mais que a imprensa norte-americana. Estas reuniões são importantes e realizadas regularmente duas vezes por ano, cuidando de assuntos delicados como a segurança e a cooperação econômica entre as duas maiores potências do mundo.
Os chineses são comandados pelo vice-premiê Wang Qishan e pelo conselheiro do Estado Daí Bingguo. Os norte-americanos pela secretária de Estado Hillary Clinton e pelo secretário do Tesouro Timothy Geithner. São reuniões, portanto, realizados nos níveis mais elevados, que foram combinados pelos presidentes Barack Obama e Hu Jintao para serem realizadas regularmente, a fim de evitar conflitos desnecessários e aprofundar as consultas recíprocas e antecipadas.
É evidente que existem muitos aspectos em que os dois países divergem frontalmente, mas existem outros em que a cooperação entre eles é relevante para o mundo todo. Ninguém de bom-senso pode desejar um agravamento de relações entre eles, pois são países que possuem uma grande importância nos mais variados assuntos, que vão da segurança militar à econômica.
É sempre melhor que as reivindicações de ambas as partes, e existem muitas, sejam colocadas na mesa para uma discussão franca, tanto confidencialmente como de forma aberta para a opinião mundial. Ainda que as declarações tenham que ficar em considerações genéricas, é possível supor-se com razoável precisão que pontos de vistas delicados tenham sido colocados, pois ambos os países tiveram reuniões reservadas, com a participação da cúpula responsável pela segurança militar.
Todos enfrentam problemas, os norte-americanos possivelmente com uma pauta mais ampla, pois estão tradicionalmente presentes nos problemas mundiais, como o que ocorre no mundo árabe, na Europa ou na Ásia. Ainda que sejam obrigados a reconhecer que não possuem mais o poder de dissuasão que tinham no passado. De forma semelhante, a China vem crescendo rapidamente, tanto com suas exportações como financiamentos, procurando assegurar o abastecimento indispensável para a continuidade do seu desenvolvimento, incomodando o resto do mundo com a sua milenar pretensão de ser o País do Meio.
Mesmo que não haja espaço para entendimentos amplos, sempre é melhor dialogar que aprofundar os conflitos, pois todos têm consciência que os problemas mundiais são complexos e o entendimento entre as duas maiores potenciais atuais ajudam, de alguma forma, que as soluções sejam possíveis, no mínimo para minorar as dificuldades.
Como são reuniões bilaterais, o resto do mundo só pode ficar na torcida. Mas nota-se pela imprensa europeia o interesse pelos assuntos discutidos, como deveria ser natural no resto do mundo.