Demografia e Projeções Para o Futuro
14 de maio de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias | Tags: dados das Nações Unidas, projeções que estão sendo efetuados, publicações dos censos de 2010 | 2 Comentários »
Como os dados demográficos dos censos efetuados por todo o mundo em 2010, os mais variados estudos estão chegando ao conhecimento do público, alguns com informações assustadoras. O The Economist, respeitável revista de circulação internacional, chega a publicar uma matéria com o título: “…isn’t destiny, one hopes” (tradição livre: …não é o destino, espera-se). Mais de 100 censos efetuados em 2010, com dados da China, Índia e Américas, reportaram seus resultados, e a divisão de população das Nações Unidas divulgam suas projeções que são efetuadas a cada dois anos, agora até 2100.
Segundo as Nações Unidas, a população mundial chegará a 7 bilhões de habitantes em outubro próximo, alguns meses antes do que era esperado. Em 2100, projeta-se que superará 10 bilhões de habitantes, ainda que estas projeções de longo prazo tenham que ser aceitas com reservas, pois o quadro geral poderá se alterar, modificando as hipóteses que são utilizadas, com alterações no fator fundamental que é a fertilidade, que vem declinando.
O mais assustador é o estudo publicado pela Forbes, igualmente uma prestigiada revista internacional, com o título: “China’s Growing Problem of too Many Single Men” (tradução livre: Crescente Problema Chinês com Homens Solteiros Demais). Segundo Nicholas Eberstadt, ele entende que projeções aceitáveis para 2030 estimam que na China terá 120 jovens homens para cada 100 jovens mulheres.
Já se encontra na China casais formados por homens que são 10, 20 e até 30 anos mais idosos que as mulheres, pois a política passada da China de estimular somente um filho por casal acabou sacrificando as bebês do sexo feminino. Uma série de problemas potenciais deverá ocorrer com as atuais tendências, ainda que as autoridades chinesas já estejam alterando sua política demográfica. Além do homossexualismo, a revista aponta possibilidade de jovens insatisfeitos engrossarem movimentos de revolta contra o estado atual da China.
Quanto às projeções da ONU para 2100, as autoridades de muitos países podem adotar políticas para a sua alteração, ainda que seus efeitos sejam limitados e com resultados num prazo muito longo. A projeção do sensível declínio da população chinesa, ao mesmo tempo em que a da Índia continuará crescendo, surpreende à primeira vista.
Os Estados Unidos continuarão com sua população crescendo enquanto o Brasil terá a sua reduzida? A Nigéria e os outros países africanos continuarão com suas populações crescendo? Tudo depende das hipóteses que são utilizadas por preparados demógrafos que devem conhecer mais que os leigos, mas elas poderão sofrer mudanças num prazo tão longo. A política migratória poderá alterar substancialmente estes quadros.
De qualquer forma, são projeções que devem ser consideradas pelas autoridades para o estabelecimento de suas políticas demográficas, pois elas têm consequências muito fortes na economia e no poder político.
Fertilidade decaindo ?
O problema é no computo geral, já que a população no mundo tem crescido de 6 para 7 bilhões, com projeções para chegar a 10 bilhões !
Pouco importa se diminua daqui para frente, pois a situação já é grave, os recursos naturais já estão se esgotando.
Nem a imigração poderá salvar esse quadro catastrófico, mudar as pessoas de lugar não altera o quadro geral, somente se fosse mudar de planeta, não é?
A questão transcede as políticas nacionais de cada país, pois não dá para colocar uma barreira de concreto contra a poluição que virá, por exemplo, da Nigeria com uma população de quase um bilhão de habitantes no futuro.
Uma coisa é certa, a situação do meio ambiente se agravará e os recursos naturais faltarão para todos, pois não basta alguns países tomarem medidas corretivas se existirem outros países que não o fazem.
Não sou pessimista, pelo contrário, pois a situação demográfica acelerá as mudanças no mundo para melhor, pois forçará os governantes a serem mais eficientes, caso contrário, serão derrubados pela população, vide o Egito que é super-populoso.
PS:A imigração era a salvação dos países pobres no passado, mas hoje não é mais, pois a Europa e os EUA não aceitam mais essa orda de gente fugindo da miséria.
O Brasil estará bem no futuro?
A questão da previdência social será decisiva, pois haverá menos jovens para sustentar o crescente número de velhos, infelizmente o governo atual relegou para o segundo plano essa questão, não concorda ?
Enfim, a humanidade caminha para uma fase decisiva da história.
Caro Massa,
As projeções para os próximos 30 anos são mais confiáveis, pois mesmo nos países emergentes as tendências são de redução da fertilidade, com o aumento do nivel de renda da população. Quanto ao crescimento da população mundial, acredito que ela continuará a ocorrer, mesmo que com taxas menores. O aumento da produtividade agropecuária, na indústria e nos serviços não nos leva a situações malthusianas.
V. tem razões para se preocupar com as estruturas populacionais que estão elevando ao envelhecimento acelerado, com mais idosos e poucos em idade de trabalho ativo para sustentar os dependentes, bem como dificuldades nos ajustamentos dos sistemas previdenciários. Mas, acredito que as atuais idades para aposentadoria, principalmente na área dos serviços, tendem a se elevar. Nos países desenvolvidos e de maior percentual de idosos, noto que eles mesmos estão se preparando para cuidar de suas necessidades de bem estar, no mínimo até a faixa superior aos dos oitenta anos. Acredito que vamos usar mais robots, pois teremos dificuldades com cuidadores.
Na medida em que ocorre uma imigração dos países mais pobres para os desenvolvidos, a taxa de fertilidade, depois de um tempo, também tende a reduzir, mesmo com a melhoria das taxas de sobrevivência.
Acredito que os países que desejam se manter poderosos devem almejar contar, no mínimo, com mais de 500 milhões de habitantes, ou conseguirem formar comunidades com seus vizinhos, como a européia e a asiática, com todas as suas dificuldades.
Paulo Yokota