Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Novo Embate Entre Emergentes e Desenvolvidos

27 de maio de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: candidatura europeia, emergentes dispersos, sucessão no FMI

Quando tudo indicava que havia um processo de crescente aumento da influência dos países emergentes no mundo, pois suas economias estão crescendo mais rapidamente, nota-se na discussão da sucessão do FMI um sentimento de retrocesso. A reunião do G-8 mostra que o defasado mundo desenvolvido volta a demonstrar ao seu apego ao status anterior, até porque as reuniões do G-20 vêm se mostrando dispersivos, com belos discursos, mas sem conquistas reais que tenham efeitos operacionais.

A aparente consolidação da candidatura da ministra da Economia da França, Christine Lagarde, mostra que o atual poder econômico continua sendo o único e realístico critério das decisões relevantes, ajudando a preservar um mundo decadente. Todos sabem que os Estados Unidos e a Europa vivem hoje dos recursos provenientes do mundo emergente, como na época colonial, deixando as migalhas para o resto do mundo, que não consegue ter uma posição uniforme. Ainda que as declarações dos emergentes sejam para o consumo interno, na hora das decisões cada pais procura agradar os mais poderosos, como sempre foi nas diversas reuniões preparatórias do FMI, lamentavelmente.

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Líderes em reunião do G-8 e ministra da Economia da França Christine Lagarde

Lamentavelmente, os níveis de conhecimento e consideração dos desenvolvidos pelo resto do mundo são precários. Para dar um exemplo gritante, na Guiana Francesa, vizinha do Brasil, não existe nenhuma legislação para a preservação da Amazônia da qual fazem parte, e os policiais que lá se encontram são os mesmos gendarmes de Paris, não estando habilitados para enfrentar os problemas das regiões tropicais, que serviam somente para o degredo dos seus presos nas prisões de Ile Du Diable.

A infeliz declaração da ministra Chistine Legarde de quem decide é quem aportou o capital do FMI refere-se a uma realidade do período do fim da Segunda Guerra Mundial, pois hoje tanto os Estados Unidos como a Europa dependem dos recursos provenientes dos países emergentes, que adquirirem os títulos de suas finanças abaladas e deficitárias.

Ouvi pessoalmente de pessoas ligadas a importantes instituições financeiras privadas internacionais, que provocaram crises como a de 2008, que mesmo o Canadá ou a Austrália era país de primitivos, originários de degradados. Imaginem o conceito que ainda têm do resto do mundo.

As migalhas que serão concedidas ao mundo emergente nos entendimentos que estão sendo entabulados são insuficientes. Existem lideranças com conhecimentos das realidades mundiais, com ótimo preparo acadêmico nas melhores universidades do mundo e com ótimos entrosamentos nas instituições multinacionais e no sistema financeiro internacional.

Talvez não seja agora, mas o mundo emergente precisa se aglutinar melhor para defesa de suas posições, que ganham importância cada vez maior no cenário internacional. Um pouco de humildade dos representantes dos desenvolvidos faria com que esta transição não seja muito dramática.