Quem Tudo Quer Nada Tem
28 de maio de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia | Tags: discussões dos acordos do livre comércio, impressões para analistas externos, Japão está com três frentes
O título deste artigo é um ditado conhecido. As necessidades da administração da economia de um país envolvem tantas considerações que as tornam difíceis de serem avaliadas por quem está fora do governo, sem o quadro mais completo das informações disponíveis. Um artigo publicado no jornal econômico Nikkei com informações distribuídas pela agência Kyodo deixam muitos analistas perplexos sobre a prioridade com que o governo japonês está trabalhando nas tentativas de conseguir acordos de livre comércio. Noticiam que o Japão e a União Europeia esperam deslanchar as negociações preliminares para restaurar a economia asiática, depois dos desastres de março último.
Existem muitas informações que o Japão vinha se empenhando no estabelecimento de um mecanismo da mesma natureza com os países da Bacia do Pacífico, envolvendo até os Estados Unidos. E na semana passada houve uma reunião no Japão, onde o presidente da Coreia e os primeiros-ministros da China e do Japão decidiram acelerar os mesmos entendimentos relacionados com o Extremo Oriente, permitindo entender que a da Bacia do Pacífico ficava para um segundo plano. Afinal, qual é a ordem de prioridade do atual governo Naoto Kan, que parece estar sendo submetido no Japão a um voto de desconfiança na Dieta?
Presidente da França,Nicolas Sarkozy e Naoto Kan
Todos reconhecem que o fracasso da rodada de Doha não permitiu um avanço dos entendimentos multilaterais para facilitar o comércio internacional. Os problemas gerados com a crise de 2008 aceleraram medidas protecionistas em muitos países, para se defenderem de um impacto mais violento da crise mundial. Que entendimentos dos chamados acordos de livre comércio estão sendo estabelecidos em bases bilaterais, também é de conhecimento amplo. Mas parece que há necessidade de uma política de prazo longo do Japão, ainda que tenham sido atropelados pelos desastres naturais, e estarem intensificando os intercâmbios internacionais, pois estavam demasiadamente fechados. No entanto, a abertura simultânea de diversas frentes vai acabando por multiplicar suas dificuldades, pois tais acordos sempre exigem compensações difíceis de serem concedidas.
Todos sabem que na política japonesa os votos do setor rural continuam importantes, ainda que sua participação econômica no abastecimento local esteja se tornando desprezível. Mas o sistema de voto distrital continua mantendo a sua importância política, o que não é possível de ser abandonada, principalmente quando o menos desenvolvido Nordeste japonês sofre uma crise profunda, cujos efeitos devem se prolongar por muito tempo.
A economia japonesa, que já estava enfraquecida por um longo período de baixo crescimento e elevado endividamento público, necessitava utilizar os desafios a frente das quais está sendo colocado para um novo impulso de reconstrução e modernização, abandonando o marasmo que se arrastava por muito tempo. Era e ainda é uma oportunidade para galvanizar toda a sua operosa população para um programa decidido de aumento de sua eficiência e produtividade, considerando-se que conta com uma mão-de-obra limitada em número.
No entanto, parece que estão perdidos numa confusão, sem que novas lideranças se apresentem, o que gera um problema que será tratado num outro artigo a ser postado.