Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

China Superando os Estados Unidos

7 de junho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: artigo do Financial Times, estudos que estão sendo publicados, FMI, pessimismo no Ocidente

O Financial Times publicou um artigo ontem escrito por Gideon Rachman estimando que a China supere economicamente os Estados Unidos muito em breve. O FMI publicou um relatório que será dentro de cinco anos, 2016, com a projeção efetuando os ajustamentos no chamado PPP – Poder de Paridade de Compra dos dois países. Mesmo que haja problemas nestes cálculos, utilizando a taxa de câmbio, o The Economist projeta que isto ocorra em 2019.

O artigo explica que isto mudará o conceito de superpotência, pois até agora a maior economia era a que abrigava a mais rica. Pela dimensão populacional e disparidade de renda, a China será a maior mais rica e ao mesmo tempo a mais pobre, e na média os norte-americanos serão 10 vezes mais ricos que os chineses. Pela relativa riqueza da sociedade americana, ela continuará a ser a mais poderosa, pois prosseguirá influente nas Nações Unidas, no FMI, no Banco Mundial e a NATO está construída em torno dos Estados Unidos.

PYKazu

Charge publicada no Financial Times

Segundo o autor, mesmo que o poder econômico e político não sejam a mesma coisa, os dois estão conectados. Ele relata que visitou São Paulo e ouviu de um diplomata sênior que a China é o maior parceiro comercial do Brasil, e que a presidente Dilma Rousseff efetuou a primeira visita internacional à Beijing e não a Washington. Os investimentos chineses estão também crescendo na África e no Oriente Médio, junto com sua influência.

Os mais próximos vizinhos chineses, como o Japão, a Coreia e a Austrália, têm seus interesses econômicos e estratégicos voltados para a China, mas as suas relações militares são com os Estados Unidos. A curto prazo, a agressividade chinesa assusta a todos, mas a longo prazo suas influencias vão ficando mais elevadas.

O ministro de assuntos externos de Cingapura teria afirmado para o autor que eles sabem que a China estará na Ásia nos próximos 1.000 anos, mas não sabem se os Estados Unidos estarão nos próximos 100 anos.

Desde quando os Estados Unidos tornou-se a maior economia do mundo, no final do século XIX, a mais poderosa economia tem sido uma democracia. A China continua sendo um país de um só partido e não deve mudar na próxima década. A confiança num regime livre está sob desafio, e o autoritarismo está se tornando atraente, novamente, ao mundo.

A China também enfrenta seus problemas, e não deve manter um crescimento de 8 a 10% ao ano, indefinidamente. A possibilidade de emergência de um sistema democrático estaria relacionada com manutenção da unidade nacional da China evitando movimentos separatistas como os do Tibet e Uigher.

Os debates atuais, segundo o autor, sobre o futuro da China ficam polarizados entre os que a consideram a superpotência emergente do mundo, e os que insistem que ela é intrinsicamente instável, com riscos de crises econômicas e políticas. Ambos, segundo ele, estão corretos, pela China ser uma estranha superpotência.