Desenvolvimento da Pesca Brasileira

6 de junho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: abundância de águas fluviais, cuidados a serem tomados, extensão do litoral | 2 Comentários »

O jornal Folha de S.Paulo volta ao importante assunto da pesca no Brasil, com um artigo da Tatiana Freitas. Ela visitou um projeto da empresa Atlântico Tuna, que pretende utilizar a tecnologia japonesa, notadamente na pesca do atum, em águas mais profundas. Muitos se recordam que as experiências brasileiras do passado não deixaram muitas contribuições, pois os japoneses utilizavam radares para localizar os cardumes, exportando a sua produção. Ainda eram feitas em águas superficiais, ao lado da desastrosa pesca da baleia, que sempre chocou os brasileiros.

Como é do conhecimento dos especialistas, os atuns viajam pelo mundo, e algumas espécies passam pelo Atlântico, mas a sua intensa pesca que está aumentando em todo o mundo coloca em risco a sua sustentabilidade. Há que se estimular a criação de algumas de suas espécies em cativeiro, que já vem sendo feita na Austrália e na Turquia. O Brasil precisa dominar estas tecnologias para se manter com tecnologia própria, com a ajuda da Embrapa e do Ministério da Pesca, que precisa passar para a ação concreta, deixando de mostrar somente a sua potencialidade.

Existem muitas variedades de atum, sendo que alguns que não são os legítimos também usam o seu nome, chegando a cerca de 20 diferentes espécies. A organização japonesa que organiza a sua pesca e comercialização trabalha com cerca de 14 diferentes atuns, sendo que os japoneses são os seus maiores consumidores. Mas os chineses, que não consumiam peixes crus, estão ampliando assustadoramente o mercado, e estas espécies só serão preservadas com suas pescas controladas, além da criação artificial.

Os atuns são pescados hoje por atuneiros que viajam por meses, contando com equipamentos sofisticados para a sua pesca que se faz por longas linhas de anzóis, e congelados instantaneamente a bordo destes navios sofisticados. A tecnologia para tanto exige grandes investimentos e técnicas, que necessitam ser absorvidos pelos brasileiros.

O Brasil precisa entrar nas produções com suas criações, dominando a tecnologia de sua reprodução, como vem sendo feito no Chile com os salmões.

Os atuns mais valorizados são os que apresentam gorduras em quantidade, de boa qualidade para a saúde humana. Quando pescados, são transportados por via aérea, primeiro para o mercado de Tsukiji em Tóquio, e depois encaminhados para outros como os de Nova Iorque, Paris ou Londres. Com a melhoria do padrão de renda nos países emergentes, e a ampla disseminação da culinária japonesa, como os famosos sashimis e sushis em todo o mundo, as perspectivas do mercado de atuns continua extremamente promissor.

Não se deve restringir somente ao atum, como os camarões já ganham importância. Os mariscos também têm boas perspectivas. Existem muitas espécies de peixes fluviais que apresentam promissores futuros de criação e consumo, não só de tilápias como peixes tropicais de boa aceitação no mercado, que está se estendendo para o exterior.

É um setor que merece grande prioridade por parte das autoridades e dos empresários brasileiros.