Despertando para o Importante Problema da Educação

6 de junho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: educação básica, ensino da matemática, iniciativas brasileiras de discussão

Ainda que tardiamente, os problemas de educação começam a merecer atenção maior dos grandes meios de comunicação. A Folha de S.Paulo traz hoje importante matéria sobre o assunto, de autoria de Antônio Gois, informando que os professores da rede pública básica acredita pouco no sucesso de seus alunos, infelizmente, o que é considerado pelos especialistas como um ponto fundamental da educação.

No jornal O Estado de S.Paulo, a jornalista Ocimara Balment trata das causas de por que somos tão ruins em matemática, que em todo o mundo ganha importância crescente para ajudar no desenvolvimento. O artigo mostra que o problema tem que começar no preparo dos professores e das técnicas que ainda são utilizadas quando já existem tecnologias eletrônicas, como informa o professor Seiji Isotani da USP numa entrevista.

Antiga sede da Escola Caetano de Campos, hoje ocupada pela Secretaria Estadual da Educação, e o Pato Donald, personagem de Walt Disney, se embanando com questões matemáticas

Já houve um período em que a educação fundamental, ainda que mais elitista, tinha uma qualidade respeitável. Escolas como a Caetano de Campos formaram professores que depois organizaram o setor de Educação da Universidade de São Paulo. Havia uma concepção mais humanística, sem a tentativa de maior praticidade que veio da influência norte-americana.

Com a necessidade do atendimento universal, acabou ocorrendo uma deterioração do ensino fundamental. Fui testemunha de uma escola rural na Amazônia onde era professora quem mal conseguia escrever o seu nome, mesmo com todo o empenho e sua dedicação.

O artigo da Folha de S.Paulo cita as contribuições de Robert Rosenthal e Lenore Jacobson, ainda da década dos anos1960, que mostraram a importância da esperança dos professores com seus alunos. Cita, também, os estudos de Ernesto Martins a partir dos dados do MEC, mostrando que muitos professores não acreditam no sucesso do trabalho desenvolvido pelas escolas onde eles lecionam.

As pesquisas efetuadas em diversos países mostraram que onde os professores estão mais motivados, os resultados dos alunos têm sido melhores. Ainda que seja um problema complexo, a remuneração e a motivação dos professores necessitam ser revistas profundamente, para que o Brasil seja capaz de formar os recursos humanos dos quais necessita.

O artigo do O Estado de S.Paulo menciona que as mudanças precisam ocorrer no preparo dos professores. Na entrevista com o professor Seiji Isotani, ele informa que os atuais softwares ajudam tanto os docentes como os alunos, que ficam mais motivados com as novas tecnologias do que com as maçantes aulas dos professores pouco atualizados. Esta é uma realidade que já está sendo empregada no Japão, Coreia, Canadá, China e Estados Unidos, não só em matemática como em outras matérias.

As autoridades começam a ficar motivadas com estas inovações na educação, e a sua discussão ampla com a população pode acelerar as mudanças indispensáveis.

É muito importante que a grande mídia esteja começando a publicar estes artigos, e seria relevante destacar os casos concretos de sucesso que já estão sendo obtidos no Brasil.