Engenharia Japonesa Para Acelerar o Pré-Sal
17 de junho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: artigo do Toyo Keizai, participação japonesa, pré-sal, Taketoshi Aizawa
Um importante artigo foi publicado por Taketoshi Aizawa, no jornal econômico japonês Toyo Keizai, ele que é o gerente geral adjunto da Petrobras em Tóquio, Assessor do CEO da Nansei Sekiyu, e ex-representante da JBIC – Japan International Cooperation Agency no Brasil, onde ajudou no financiamento de importantes projetos. Numa longa apresentação, o artigo relata a importância da exploração dos recursos de petróleo e gás em áreas marinhas, inclusive em Zonas de Exploração Especial do Japão, como nos arredores de Okinawa. Principalmente com os acidentes ocorridos no Japão recentemente, e as decisões norte-americanas de acelerar os projetos de sua autosuficiência energética, bem como as dificuldades de geração de energias alternativas.
Novas tecnologias são indispensáveis para as explorações como do pré-sal a grandes profundidades. Elas podem ser úteis também para explorações nas Zonas Especiais no Japão, segundo o autor. A Petrobras está envolvida na produção de supertanques de 500.000 TDW em Suape, em Pernambuco, com a coreana Samsung Heavy Industries, na empresa chamada Atlântico Sul, que conta com a participação da Camargo Correa brasileira. Muitos projetos já envolvem investimentos de US$ 4,6 bilhões com muitos outros navios de grande porte.
A construção naval no Brasil passa por uma nova fase acelerada, estimulada pelo governo, em função das necessidades envolvidas pelo pré-sal, que envolvem cifras elevadas de petróleo e gás. Produções internas terão que atender parte das necessidades, com aperfeiçoamentos tecnológicos. Recursos humanos, principalmente de engenharia como a que foi criada com a Ishibrás, terão que ser recuperadas e ampliadas. Os avanços na política macroeconômica no Brasil viabilizam investimentos e financiamentos para estas necessidades.
A Costa Leste da África apresenta condições semelhantes as da plataforma marítima do Brasil, com condições favoráveis para outras ocorrências de reservas de petróleo e gás. Para o Japão, estas necessidades adicionais podem ser uma oportunidade para uso de sua capacidade tecnológica, além da possibilidade de financiamento. A própria exploração no Japão necessita de aperfeiçoamentos na sua legislação, como foi feita no Brasil com o pré-sal que prevê a possibilidade de participações estrangeiras.
O governo chinês está estabelecendo acordos com os brasileiros para participar de algumas formas do pré-sal, inclusive nas tecnologias que já possuem e exibiram recentemente. A Petrobras necessitará de tecnologias estrangeiras para a eficiente e segura exploração do pré-sal e já conta com a participação da General Eletric, da IBM, da British Gas, Halliburton e outras. Os japoneses podem colaborar, conjuntamente, com suas experiências como fibra de carbono, nanotecnologia e muitos outros setores operacionais onde são competitivos. Um grande centro de desenvolvimento tecnológico de águas profundas, em grande escala, está sendo montada na Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro, e todos devem participar deste esforço, inclusive os japoneses, até para os seus próprios interesses.
Seria uma grande oportunidade, inclusive para o Japão, poder assegurar uma participação neste programa do pré-sal, que garantiria uma parte do seu abastecimento, tirando o máximo partido de um conjunto integrado de construção naval e explorações em águas profundas, utilizando os conhecimentos e possibilidades de investimentos de que dispõe.