Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Imigração Internacional na Crise Econômica

29 de junho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, webtown | Tags: dados brasileiros, os problemas na Europa, outros fluxos

O jornal Valor Econômico informa que os registros da autorização da entrada de estrangeiros no primeiro trimestre deste ano acusaram um sensível crescimento com relação ao ano passado. Na maioria dos países desenvolvidos, principalmente na Europa, o nível de desemprego está elevado, até do pessoal melhor qualificado, provocando a volta de muitos que tinham emigrado para lá, principalmente do mundo menos desenvolvido, e até dos que se tornaram emergentes nas últimas décadas. O elevado desenvolvimento não só do Brasil demanda mais mão-de-obra qualificada, e é natural que parte dos desempregados se disponha a tentar a sua vida em novas terras.

O Brasil vinha sendo um país que tinha uma corrente emigrando para países mais desenvolvidos, como os Estados Unidos, Japão, países europeus e até os vizinhos como o Paraguai, que apresentavam boas oportunidades de emprego. No caso do Japão, a grande maioria era emigrantes temporários e legais, por causa de uma legislação especial que levava em consideração a qualidade de descentes de antigos imigrantes japoneses, enquanto em outros países o número dos ilegais era elevado.

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Brasileiros que trabalhavam no Japão estão fazendo o caminho de volta

Com a crise que vinha se desenhando e agravou-se no mundo industrializado a partir da crise financeira internacional de 2008, muitos ficaram sem condições de trabalhos formais ou informais. Estes últimos eram mais tolerados quando a economia se expandia, mas acabaram sendo procurados para voltar aos seus países de origem, para não competirem com os trabalhadores locais. Na Europa, o problema se tornou tão grave que até os provenientes de outros países da Comunidade Europeia estão sendo evitados.

Os países emergentes de rápido desenvolvimento continuam necessitando de mais mão-de-obra de alta qualificação que preparam internamente, ainda que o número de engenheiros e outros profissionais de nível superior se diplomando sejam elevados na China e na Índia. No Brasil, lamentavelmente, este pessoal de melhor qualificação ainda é modesto, ainda que esforços estejam sendo feitos para aumentar o seu preparo.

Muitos que iam se preparar no exterior, principalmente em nível pós-graduado, acabavam encontrando condições de trabalho nos países industrializados, mas a sua absorção está se reduzindo. Além deles, os próprios naturais nestes países desenvolvidos estão se dispondo a procurar carreiras no exterior, principalmente nos países emergentes de grandes potencialidades futuras.

Estes desequilíbrios tendem a ser temporários, mas há que se considerar que os países altamente populosos, como os asiáticos, acabam utilizando o próprio mercado interno para estimular o seu desenvolvimento, como vem acontecendo recentemente. O Brasil teria condições de absorver mais populações recebendo imigrantes, como fez no passado, mas também existe a necessidade de dar preferência aos nativos, ou que estiveram temporariamente no exterior, e devem merecer prioridade.

Mas sempre será indispensável que atenda as demandas atuais, de elevado grau de preparo e especialização, com preferência para os que tenham experiências internacionais.