Indústria de Aviação Francesa se Prepara Para o Futuro
20 de junho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Tecnologia | Tags: Airbus se prepara para o futuro, fracasso do Concorde, ligação rápida com a Ásia, preocupações ambientais
Como é do conhecimento geral, o Salão da Indústria Aeronáutica mais importante do mundo ocorre em Bourget, onde participa tradicionalmente a Embraer brasileira. Logo que se abriu a exposição, a casa matriz da Airbus, segundo publicado no Le Figaro desta segunda-feira, iniciou suas pesquisas para o lançamento do novo avião que pretende cobrir Paris a Tokyo em duas horas e meia, sem agredir o meio ambiente. Espera-se que o projeto esteja concluído em 2050. O Concorde voou comercialmente pela última vez em 2003 e é uma das frustrações francesas.
O voo do novo avião pretende atender o mercado dos executivos, comportando entre 50 a 100 passageiros, e tem como alvo principal a ecologia, com emissão zero de poluentes. O projeto foi batizado de ZEHST (Emissão Zero no Transporte de Alta Velocidade – Zero Emission High Speed Transport), numa associação das empresas EADS, L’Onera, do Laboratório de Pesquisa Aeroespacial da França, como do Japão.
Concorde, cujo projeto fracassou comercialmente, e o novo projeto batizado de Zehst
Dezenas de anos de pesquisas serão ainda necessárias, utilizando-se três tipos de motores. Um estudo de viabilidade financiado pela Direção Geral de Aviação Civil francesa e sua homóloga japonesa já foi iniciado. Ela será sobre uma cápsula tipo espacial. Os três tipos de motores serão utilizados em fases diferentes: decolagem até atingir 5.000 metros de altitude, usando uma espécie de turbina turbo-jet, mas serão utilizados biocarburantes de terceira geração desenvolvido a partir da cultura de algas.
Para atingir a 20.000 metros de altitude, com velocidade mach 0,8, o avião utilizará um motor chamado de cryogéniques como do lançador de satélites Ariene, alimentado por hidrogênio. Na última fase, deverá atingir 32.000 metros de altitude ZEHST, chamada “ram jets”, atualmente dos mísseis de cruzeiro. A maquete de 4 metros está exposta em Bourget.
Paralelamente, a EADS trabalha num outro conceito que chamou de VoltAir, todo elétrico, onde o motor não estará sobre as asas, mas no nariz do avião, e trabalhará sob o princípio chamado de “morphing”, autoadaptando-se às diversas fases do voo. Este será destinado a trajetos curtos, com 50 a 70 passageiros.
Na indústria aeronáutica, trabalha-se com o longo prazo, e o que parece um sonho hoje poderá ser a realidade das gerações futuras.