O Brasileiro José Graziano na FAO
28 de junho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, webtown | Tags: a contribuição que poderá dar, o papel da FAO, presença brasileira | 2 Comentários »
Apesar do Brasil ter presidido a sessão de criação da ONU – Nações Unidas, ficou somente com a honra de abrir anualmente os pronunciamentos dos chefes de estados e dos governos nas suas assembleias gerais, nem fazendo parte do seu poderoso Conselho de Segurança, cujos membros permanentes possuem o direito de veto. Nos diversos organismos especializados que fazem parte destas estruturas internacionais, como o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional, a OMC, a FAO, a Unesco, a OMS e muitas outras instituições que estão bastante esvaziadas, como a Untad ou a OMT, o Brasil não contava com uma presença marcante, até pela falta de pessoal de destaque e contribuição efetiva para a solução de problemas mundiais. A exceção era na Organização Mundial de Saúde (OMS) que sempre contou com a participação destacada do Brasil. Em organizações como a Unesco, países poderosos como os Estados Unidos ou o Japão não fazem mais parte, pois não se dispõem a contribuir para os seus orçamentos que são mal utilizados pelos seus dirigentes e burocratas.
A FAO, que cuida basicamente da produção agrícola e da alimentação, com sede em Roma, como outras organizações internacionais, ficou sob domínio de diplomatas de países que não tinham importância no assunto, como quando representei o Brasil nas suas reuniões, na qualidade de presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – Incra. Naquele período, por décadas, o controle era do Líbano, que nunca teve um papel relevante na área, mas contava com o apoio de muitos países africanos, cujos ministros tinham o privilégio de ser convidados para estas reuniões à custa da FAO, e votavam com os seus dirigentes. A esperança é que esta situação mude de agora em diante.
O Brasil conta com contribuições internacionais importantes na área do fomento da produção agropecuária, sendo inovador em matéria de uso dos seus produtos na produção de combustíveis pouco poluentes como o etanol. A Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária vem dando uma contribuição mundial, dando prosseguimento à revolução verde, ajudando outros países a seguir pelo mesmo caminho.
José Graziano é uma personalidade com qualificações nacional e internacional para desempenhar um papel importante, controlando um organismo complexo com diversos interesses diplomáticos, sempre difíceis de serem coordenados.
A produção de alimentos é um desafio dos mais importantes da humanidade, bem como o adequado aproveitamento da biodiversidade, sem provocar danos ao meio ambiente. O Brasil vem se destacando nesta área e, como pais de economia emergente, vem ganhando importância no cenário internacional. No entanto, infelizmente, é necessário ser pragmático, não se iludindo que esta conquista tenha o condão de modificar o quadro mundial que conta com muitas limitações.
Mas, como na revolução verde, com a melhoria das sementes, técnicas de fertilizações e corretos usos dos defensivos, mesmo que haja resistências culturais e políticas, os benefícios poderão ser ampliados aos produtores como aos consumidores. As declarações iniciais de José Graziano mostram que ele está consciente que os preços agrícolas só vão declinar a médio e longo prazo, pois seus consumos que se estenderam para os biocombustíveis não serão fáceis de serem atendidos, mesmo com o aumento da produtividade que vem se verificando. Certamente, a fome no mundo está em declínio, mas os preços necessitam ser compensadores para os produtores, não podendo ser controlados artificialmente pelos governos.
bom
Caro Severino,
Também acho ótimo. O Brasil pode colaborar no desenvolvimento agropecuário em todo o mundo.
Paulo Yokota