Oferta do Grupo de Veteranos Hábeis

3 de junho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: frustração dos veteranos, matéria da BBC do Brasil, sugestão da internauta Ana Paula, voluntários | 6 Comentários »

A internauta Ana Paula dos Santos Silva, tendo visto uma matéria divulgada pelo site da BBC do Brasil, sugeriu-nos elaborar uma nota sobre o assunto que deve interessar a todos. Cerca de 200 voluntários, veteranos de trabalhos efetuados nas usinas como de Fukushima, está se oferecendo para ajudar a resolver os problemas existentes. Aguarda a aceitação do governo para entrar em ação imediatamente, com seus uniformes já preparados.

O argumento utilizado por eles é que os trabalhos devem demandar muitos meses e os jovens funcionários estão mais sujeitos às radiações, que devem ter efeito depois de muitos anos. Os veteranos declaram que não são “kamikases”, suicidas, mas por já contarem com mais de 70 anos, e estarem fisicamente aptos para o trabalho, eles, que contam com uma expectativa de vida de mais 20 anos no máximo, poderão ser afetados por um câncer, por exemplo, quando estiverem encerrando suas existências ou depois do falecimento por outras causas. Afirmam que estão dentro do espírito japonês de se dedicarem pelo bem da comunidade.

Compreende-se o sentimento de frustração com a evolução atual dos trabalhos e os sacrifícios que estão sendo efetuados pelos jovens funcionários. O nível de radiação a que estão sujeitos não é insuportável, mas se acumulados durante um longo período acabam possibilitando o desenvolvimento de doenças como o câncer.

O argumento apresentado pelos 200 veteranos voluntários tem uma lógica impecável. A sua disposição está dentro do espírito e da cultura japonesa, e se autorizado pelo governo podem acabar dando uma importante contribuição.

Os seres humanos não são somente motivados pela remuneração. Desejam realizar algo de relevante, e a oportunidade está aí para estes que já estão aposentados, exercendo atividades como o de auxiliar num estabelecimento que serve café. Muitos aposentados japoneses são obrigados a terem ocupações modestas que, além de complementar seus rendimentos, são tratados, muitas vezes, como pessoas incômodas para os seus familiares.

O nível de divórcio no Japão, quando da aposentadoria, é muito elevado. Enquanto os maridos estão ocupados com seus trabalhos, suas esposas podem cuidar de outros afazeres, mas muitos já estão com os filhos criados, independentes. Elas também desejam se aposentar e não ficar cuidando dos idosos ociosos. Até no Brasil costuma-se gracejar que os aposentados são como armários no meio da sala, atrapalham a todos.

Se tiverem a oportunidade de prestar importantes serviços, é compreensível que muitos se ofereçam como voluntários. Certamente não estão à procura de glórias, mas se sentindo úteis já estarão devidamente remunerados.

Os psicólogos que trabalham com as pessoas que se aposentam procuram estimulá-los com atividade que os realizem, pois nem todos desejam levar uma vida ociosa ou não possuem recursos para viverem viajando por lugares que lhes proporcionem satisfação. A possibilidade de depressão é elevada, e há que se encontrarem formas pelos quais possam se sentir realizados.

“Gambarê!”, é a mensagem que podemos transmitir a eles.