Os Juros Discrepantes no Brasil
10 de junho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia | Tags: discrepâncias exageradas, juros brasileiros elevados, tendências futuras
O Banco Central do Brasil elevou novamente os juros do chamado Selic, que serve de base para os demais praticados no país, para a taxa anual de 12,25%, que descontada da inflação resulta em 6,8% ao ano, de longe a mais elevada do mundo. Um artigo publicado no jornal O Estado de São Paulo, informa que o Brasil e somente outros nove países, entre 40 outros levantados, têm juros positivos, com base numa pesquisa e um gráfico elaborado pela Cruzeiro do Sul Corretora, basicamente para manter a inflação controlada. O juro brasileiro é cerca de cinco vezes mais alto que o segundo, que é do Chile.
Outro gráfico elaborado pela Idéias Consultoria mostra desde janeiro de 1945 até janeiro de 2011 a inflação medida pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna levantado pela Fundação Getúlio Vargas. A inflação vem ocorrendo por problemas nas contas externas ou em decorrência do que os economistas chamam de “choque de oferta”, ou alguma medida que provocou a queda da produção local, como alguns planos governamentais.
Esta absurda disparidade do juro real no Brasil com relação aos praticados em outras economias decorre de alguns fatos, onde se destacam: os governos de diversas ocasiões, enfrentando problemas nas contas externas, tiveram que elevar brutalmente os juros internos para atrair com o seu diferencial recursos externos; eles sempre temeram a impossibilidade de geração de superávits fiscais para reduzir a dívida pública e as necessidades de captação de recursos para o seu financiamento, continuando a manter juros elevados; e, as instituições financeiras tiveram poderes para constranger as autoridades monetárias, mesmo com os prejuízos de outros setores da economia, como as indústrias, agriculturas e demais serviços.
Estes problemas estão sendo resolvidos: o Brasil conta com um superávit das contas externas que permitem uma acumulação expressiva de reservas em moeda estrangeira, acima de US$ 330 bilhões; os déficits públicos vêm sendo reduzidos em seus patamares ao longo do tempo, como pode ser constatado nas linhas em vermelho no gráfico abaixo.
O que pode se constatar é que o governo atual está consciente destes problemas, e mesmo que venha elevando ainda os juros em níveis abaixo do desejado pelo setor financeiro, a sua tendência é para a redução no futuro próximo, ao mesmo tempo em que a inflação também se reduzirá.