Os Protestos Populares no Japão
13 de junho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias | Tags: bases militares dos Estados Unidos, contra energia nuclear, problemas sino-japoneses, protestos populares no Japão | 4 Comentários »
Num artigo publicado pela Hiroko Ogawa na prestigiosa revista The Diplomat registra-se que os japoneses não protestavam publicamente desde os agricultores do século XVII contra o sistema feudal da época. Recentemente, registraram-se alguns limitados sobre os incidentes dos navios militares chineses com os pesqueiros japoneses e os contra a presença dos militares norte-americanos principalmente em Okinawa.
Agora, os acidentes nas usinas nucleares de Fukushima Daiichi provocaram na proximidade de Shinjiku, em Tóquio, protestos que chegaram a reunir mais de 20 mil manifestantes contra o uso da energia atômica na geração de energia elétrica, segundo a autora, com a participação de artistas e ativistas, o que seria inusitado.
Certamente, esta autora da nota é jovem e não acompanhou o que aconteceu no Japão depois da Segunda Guerra Mundial. O Japão, ajudado pelo Plano Marshall, iniciava o seu processo de recuperação que se chamou de “milagre econômico”, com um período de crescimento acelerado. Ao mesmo tempo, principalmente os estudantes promoveram muitos protestos violentos, que davam a impressão para os analistas estrangeiros que o Japão poderia entrar em colapso, bem antes destes tipos de movimentos abalarem a Europa.
Ainda que o Japão seja hoje considerado um país sem muitas controvérsias, nota-se no comportamento dos jovens, como em Harajiku, com vestimentas que chocam os conservadores, criando um movimento que está transmitindo uma forma de moda para o resto do mundo, que passou a se chamar da rua, com extrema informalidade.
Outros protestos de intelectuais, mais sofisticados como de Yukio Mishima, ocorreram com o seppuku, o corte cerimonial do ventre com uma faca, mostrando o seu inconformismo com o estado em que se encontravam.
Quem frequenta Tóquio e outras grandes cidades verifica que a direita japonesa conta com sofisticados equipamentos para efetuar suas manifestações públicas contra o governo.
Não se pode, portanto, tomar as atuais manifestações como fora dos padrões japoneses. O que vinha acontecendo é que o Japão tinha conquistado em elevado padrão de vida, sem que novos desafios tivessem sido colocados, como os decorrentes dos grandes desastres naturais, terremotos, tsunami e radiações nucleares, onde segmentos da sociedade apresentam suas contrariedades.
Ela esqueceu tambem dos protestos da decada de 60 onde os estudantes sitiaram p parlamento e obrigaran o PM Kishi a nao assinar o pacto de seguranca EUA Japao.
Ate o secretario de imprensa americano teve que ser resgatafo por um helicoptero da furia dos estudantes japonese.
Bons tempos aqueles, agora a juventude japonesa so quer saber de mangas, J Pop e outras coisas lights.
Caro Jose Comessu,
Os protestos dos estudantes estão reduzidos em todo o mundo, mas parece que algumas causas relacionadas à preservação do meio ambiente estão galvanizando multidões, em todo o mundo.
Paulo Yokota
S.r. Paulo Yokota,
Realmente japoneses protestando, uma sociedade com disciplinada espartana só vendo pra crer. É como se presenciasse um monge budista zen em estado de frenesi.
O que a sociedade acha disso? Serão os revoltosos considerados desocupados, perturbadores da ordem pública? Hum, liberdade demais as pessoas permitem se comportarem mal às custas de uma sociedade ordeira. Afinal o que adianta ter tanto direito se dá medo de sair à noite? Lee Kuan o ”pai da Cingapura moderna”, talvez esteja certo.
Caro Tiago,
Em todas as sociedades democráticas as manifestações de protesto são permitidas, dentro dos limites estabelecidos pelas autoridades. No Japão tem havido muitos protestos e legítimos. A sociedade japonesa, na sua maioria, está contra o uso da energia nuclear para geração de energia elétrica. Aliás, isto não se observa somente no Japão, mas em muitos países europeus.
Acredito que a humanidade terá que ampliar o fornecimento de energia não poluente, ainda que mais cara.
Paulo Yokota