Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Por Uma Reconstrução Segura, Eco-Amigável e Humanizada

20 de junho de 2011
Por: Naomi Doy | Seção: Notícias, webtown | Tags: Daily Yomiuri, energia renovável, IAEA, lei para zonas especiais, NHK-News, Nikkei, nova revolução industrial, The Japan Times | 2 Comentários »

Passados 100 dias do grande terremoto e tsunami no Leste japonês, o trabalho de recuperação segue árduo nas áreas atingidas. Com ajuda que vem sendo liberada pelos governos federal e provincial, e pela distribuição de cotas de doação através da Cruz Vermelha Japonesa, a capacidade local de produção industrial e comercial está se restabelecendo, em maior ou menor grau e rapidez, dependendo das áreas atingidas. O consumo vem crescendo visivelmente; se no primeiro momento ele visava bens comestíveis, agora a população já está começando a recompor suas vidas. Supermercados e lojas de departamentos ampliam ofertas de móveis, eletrodomésticos, roupas de cama e banho, cosméticos, vestuário etc., para fazer face à crescente procura.

A comissão do governo que estuda medidas de prevenção a terremotos e tsunamis fez a terceira reunião em Tóquio, no domingo, para finalizar minuta que será apresentada nos próximos dias. Os especialistas, baseados nos relatórios dos estragos registrados em tempos passados, concordam que os preparativos devem considerar os cenários piores para desastres naturais. É preciso que diques e outras prevenções litorâneas de defesa contra tsunamis sejam construídos combinados com rotas de escape que levem para locais mais altos, onde a população possa se abrigar em estruturas seguras. A construção dos diques deve manter o alto padrão atual, mas eles devem ter a capacidade de brecar e ajudar a reduzir o peso e a velocidade de gigantescas ondas (que, em 11 de março, em muitas localidades chegaram a 37 – 40 metros de altura), sem se romper ao primeiro impacto, dando tempo para as pessoas escaparem. O governo estuda subsidiar fontes de energia renovável (eólica, solar e geotérmica) para uso em repartições públicas, escolas e hospitais nas cidades afetadas – assim como patrocinar custos para o estudo do impacto ambiental por empresas que queiram entrar no negócio da geração de energia.

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Para alívio geral, finalmente a Dieta acordou da longa letargia de discussões estéreis nesta segunda-feira, e aprovou a lei que vai permitir designar a área devastada como zonas especiais elegíveis para assistência preferencial, o que vem permitir maior agilidade para o governo estabelecer metas. O projeto de lei está sendo aprovado 102 dias após 11 de março. Lei semelhante após o terremoto de Kobe em 1995 foi aprovado em 30 dias.

Por outro lado, a IAEA (sigla inglês para Agência Internacional de Energia Atômica) se reúne em Viena nesta segunda-feira. Será apresentado relatório dos especialistas que estiveram analisando os problemas na Usina Fukushima Daiichi. Baseados nos resultados, serão estabelecidos padrões de segurança para a geração da energia nuclear, e de como fortalecer o papel da IAEA no acesso e revista ao regime de segurança nuclear de cada país. Líderes do G8, reunidos em Deauville, França, em fins de maio, conclamou todos os países que operam usinas nucleares, inclusive as nações emergentes, a acatar as linhas de conduta que vierem a ser ditadas pela IAEA.

Segundo Shinji Fukukawa, ex-vice-ministro de Comércio e Indústria Internacional do Japão, a principal lição proporcionada pela tripla calamidade é a de que ela mostrou ao mundo a urgente necessidade de se fazer mudanças na atual civilização industrial (Triple disaster proves need for an industrial revolution, Nikkei, 17/junho/2011). A Revolução Industrial do século 18 se fundou na premissa de que os recursos do Planeta e a capacidade de renovação da natureza eram inesgotáveis. Porém, estudos e ocorrências naturais já vinham apontando a ruptura de tal premissa, mostrada mais duramente na recente tragédia japonesa. O crescimento populacional e o rápido desenvolvimento dos países, com destaque para os emergentes, aceleraram um círculo vicioso de demanda de energia global que se tornou insuportável.

Enquanto a prospecção dos recursos mundiais do petróleo atinge o seu pico, o seu preço aumenta continuamente, e a intranquilidade política persiste nos principais países produtores. Busca-se a energia nuclear para repor a demanda, e que é mais barata e menos poluente em emissões de gases. Muitos dos países que adotaram a energia nuclear para fazer face ao crescimento da necessidade energética pretendem continuar o seu uso. A IAEA reconhece que a força nuclear é uma fonte indispensável de energia para algumas nações, quiçá insubstituível num futuro próximo.

O acidente de Fukushima, no entanto, vem definitivamente abalar a confiança pública na tecnologia do poder nuclear e espalha o temor da radiação. Para Shinji Fukukawa, a civilização industrial precisa favorecer a reciclagem dos recursos, orientada para a natureza, a segurança pública, e o enriquecimento dos valores humanos. A tecnologia de informação de última geração deveria dar-nos ferramentas intelectuais capazes de tornar possível tal realização. Com isto em mente, o Japão precisa seriamente tentar superar a presente crise e abrir caminho para uma nova revolução industrial. Respondendo assim às expectativas da comunidade internacional.


2 Comentários para “Por Uma Reconstrução Segura, Eco-Amigável e Humanizada”

  1. Egregora
    1  escreveu às 21:53 em 20 de junho de 2011:

    A maioria dos problemas para investir em outras fontes de energia, que não a nuclear, é puramente política. Os especialistas sabem quais as melhores fontes energéticas, mas os governadores não.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 00:53 em 21 de junho de 2011:

    Caro Egregora,

    Um grande número de países adotam regimes democráticos, felizmente, e os governantes bem como os políticos refletem o que a grande maioria da população deseja, ou deixam o poder com as eleições. Muitas alternativas energéticas ainda estão com seus custos elevados, e existem países que contam com menos alternativas do que, por exemplo, o Brasil. É preciso observar estes problemas com maior isenção e mais profundidade, pois são complexos.

    Paulo Yokota