A Pressa é Inimiga da Perfeição, Mas…
26 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, webtown | Tags: paralelos com a imagem da China, pesquisas profundas para novas tecnologias, problemas adicionais nos trens rápidos chineses
Justa ou injustamente, a imagem do rápido desenvolvimento que vinha caracterizando a economia chinesa acabou ficando afetada pelo acidente ocorrido com os trens rápidos na proximidade de Wenzhou, como noticia hoje o Financial Times num artigo escrito por Simon Rabinovitch, referindo-se também aos constantes problemas de atrasos no novo trecho que liga Beijing a Xangai, alegando dificuldades no suprimento da energia.
Ma, trabalhos fundamentais estão sendo efetuados na China, como relata Marli Olmos, no seu artigo no Valor Econômico, referindo aos que estão sendo feitos em Chengdu (CDHT – Chengdu Hi-Tech Zone), criando um grande centro científico e tecnológico na afastada província de Sichuan, com o apoio da APEC – Asian-Pacific Economic Cooperation.
O conceito deste tipo de mecanismo de desenvolvimento econômico começou na Holanda no pós-Segunda Guerra, e sua aplicação prática ocorreu em Cingapura com grande sucesso, que passou de uma cidade com áreas chinesas, hindus e malaias ao que é hoje. Eles alugavam espaços para indústrias que lá se instalavam com todas as facilidades necessárias. Depois, o Vale do Silício nos Estados Unidos provocou um impacto mundial utilizando as tecnologias desenvolvidas na Universidade de Stanford, e o Japão instalou a cidade científica de Tsukuba junto a Universidade do mesmo nome, numa área próxima de Tóquio que tinha um baixo nível de desenvolvimento.
Hoje, os chineses interessados na interiorização do seu desenvolvimento econômico que se acentuou no litoral vêm consolidando desde 1988 esta cidade hi-tech já próxima das suas regiões montanhosas do oeste, na província de Sichuan, com clima mais tropical, famosa pela culinária extremamente apimentada. É preciso que se entenda que cada província chinesa equivale às dimensões de países e a China é uma espécie de organização semelhante à Comunidade Europeia.
Próxima da grande metrópole de Chengdu (cerca de 13 milhões de habitantes) dispunha-se de uma área agrícola de Tianfu que foi transformada numa zona especial hi-tech que já acomoda grandes empresas internacionais com seus laboratórios, contando com o suporte de diversas universidades nas proximidades. Os chineses implantaram diversas zonas especiais, inicialmente para promover as suas exportações, mas hoje também voltadas para o seu abastecimento interno.
O Brasil tem muito que aprender com estas experiências, que acabam concentrando em algumas zonas as vantagens fiscais, facilidades de infraestrutura, tirando o maior proveito dos efeitos de aglomeração. A Zona Franca de Manaus e a legislação aprovada para as zonas especiais deveriam ser aproveitadas rapidamente, pois já existem diferentes polos de desenvolvimento, mesmo sem os incentivos governamentais. A aceleração do desenvolvimento necessita de pesquisas tecnológicas que transformem conhecimentos científicos em patentes utilizáveis pelas atividades industriais, e desafios não faltam.
Tanto as necessidades do pré-sal como aproveitamentos de outras disponibilidades minerais, de biodiversidade, e abundância de recursos humanos como na informática estão clamando por iniciativas governamentais que permitam aproveitar as criatividades potenciais, inclusive com o aproveitamento das capacidades de empresas multinacionais. Como a Índia também está apelando para os interesses de grupos estrangeiros.
Os bons exemplos do exterior necessitam ser aproveitados, ajustando-os às condições locais que são extremamente atraentes.