Crescimento da Aviação Doméstica no Brasil
29 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, webtown | Tags: artigo da Folha de S.Paulo, indicadores, informações comparativas que exigem algum cuidado
A Folha de S.Paulo publica um interessante artigo preparado por uma equipe formada pela Carolina Matos, Mariana Sallowicz e Gabriel Baldocchi informando que o “Brasil lidera alta da aviação doméstica”, efetuando comparações do primeiro semestre deste ano com a do ano anterior em alguns países. Todos admitem que a economia brasileira vem se comportando de forma surpreendente, com a sensível melhoria da chamada nova classe média, fazendo com que muitas empregadas domésticas originárias do Nordeste do País tirem suas férias anuais voltando para suas terras, utilizando o avião cujo custo está mais baixo que os ônibus usados no passado, que demandam mais tempo e despesas adicionais como das refeições.
Reprodução do gráfico publicado Folha de S.Paulo
No entanto, quando os dados brasileiros são comparados com os de outros países, é preciso fazer algumas ponderações. Evidente que os dados deste período restrito, como do Japão, podem estar afetados pelos acidentes naturais que atingiram fortemente o país, alterando muitas de suas características. E é preciso considerar o sensível aumento dos trens de alta velocidade por todos os rincões de um país que é um arquipélago.
Nos casos da China e da Índia, é necessário considerar os crescimentos que já vinham se observando nos anos anteriores. Ou seja, as bases utilizadas do primeiro semestre de 2010 já eram elevadas, acabando dando a impressão que não continuam crescendo como as estatísticas brasileiras. Os usos dos gráficos e das tabelas estatísticas podem proporcionar algumas ilusões para os leigos, dependendo de uma série de “truques” que podem ser utilizados.
De qualquer forma, é possível detectar o crescimento mais recente de forma significativa nos grandes países emergentes, que estão contando com estas facilidades.
Do ponto de vista das viagens aéreas internacionais, observa-se que as empresas de aviação dos países desenvolvidos já passaram do seu ponto de máxima, ainda que venham aumentando. Seus equipamentos são relativamente mais antigos, quando comparados com as novas que surgiram em países menores que não tinham tradição nestes serviços, e que adquiriram equipamentos mais atualizados, como os de alguns países do Oriente Médio, da Europa ou da Ásia.
Os estudos mais profundos efetuados por empresas, como a Embraer, mostram que existem tendências de longo prazo, com o aumento de grandes aeronaves para transporte de grandes massas a longas distâncias, os de aviões executivos para atendimento de empresários e outros profissionais, bem como aviões de médio porte para distâncias médias, que sejam de operação econômica.
A aviação depende também de outros investimentos, como os aeroportos, e, neste caso, a China vem aumentando os mesmos mais que outros países desenvolvidos ou emergentes como o Brasil. Tudo considerado, inclusive a melhora dos dados econômicos dos países emergentes, pode-se notar que o quadro mundial está sofrendo alterações expressivas que devem ser consideradas.