Iniciativas Chinesas em Todo o Mundo
29 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, webtown | Tags: bancos nos países emergentes como o Brasil, investimentos financeiros nos Estados Unidos, notícias sobre a China na imprensa internacional, uso do carvão mineral
Quando se percorre os olhos pelos principais veículos da imprensa internacional fica-se impressionado com o número de artigos relacionados com a China, alguns registrando suas iniciativas, outros fazendo reparos sobre suas dificuldades, ficando difícil selecionar os que são mais importantes nos seus relacionamentos com o resto do mundo. Alguns jornais brasileiros noticiam sobre o aumento das atividades bancárias dos chineses no Brasil, mostrando que estão se interessando sobre as demais economias emergentes, no momento que o mundo desenvolvido passa por dificuldades como nos Estados Unidos, Europa e Japão.
Outras informam que a economia chinesa vai continuar utilizando energias provenientes de fontes altamente poluentes, como o carvão mineral, que os chineses dispõem em quantidade, tanto nas regiões como a Inner Mongólia como nos seus vizinhos, que estão ampliando seus fornecimentos minerais como a Mongólia. As dificuldades financeiras norte-americanas acabam preocupando a China, que é a maior credora internacional, mostrando que mesmo que os problemas imediatos do endividamento público sejam superados, as perspectivas de prazo mais longo não recomendam carregar muitos ativos financeiros em dólar norte-americano, que vem registrando desvalorizações expressivas.
É claro que os bancos chineses, cada vez mais importantes no cenário internacional, acompanham os investimentos que são feitos pelas empresas do seu país, tanto estatais como privadas. Além das necessidades de financiamento dos investimentos e capital de giro das mesmas, os dados históricos mostram que os intercâmbios internacionais tendem a aumentar com estes investimentos diretos no exterior, tanto para exportações como para importações, sempre exigindo operações bancárias. Na medida em que a China está considerando o Brasil um parceiro estratégico, nada mais natural o aumento da presença de seus bancos no país, que certamente terão papel importante nesta intensificação do intercâmbio bilateral.
O desenvolvimento chinês, mesmo com sua acomodação aos novos cenários internacionais e às pressões inflacionárias que ocorrem no país, acabam exigindo o fornecimento crescente de energia elétrica. O que se prevê é que nas próximas décadas, ainda que o carvão mineral seja uma fonte poluente, continuará sendo importante na matriz energética chinesa. Existem tecnologias que podem reduzir estas poluições, mas implicam em investimentos adicionais que acabam afetando as tarifas de energia. A China acabará fazendo estes investimentos para não continuar tão poluída a ponto de ter que suspender atividades industriais nos períodos mais críticos.
Dentro de sua estratégia internacional e seguindo as tradições culturais de um povo que conta com uma longa história, os chineses sempre diversificaram seus ativos, tendo uma preferência sobre ativos físicos aos financeiros, que sempre apresentam flutuações mais fortes. Assim, os seus estoques de matérias-primas como metais estratégicos já são expressivos, a ponto de poderem suspender suas importações por meses, o que seria desastroso para muitos mercados. O mesmo acontece com as fontes de energia, tanto o petróleo como suas reservas ainda não exploradas, que explica parte dos pesados investimentos que estão fazendo na África e outras localidades.
Tudo indica que já consideram suas exposições no tesouro norte-americano como elevadas, diante das dificuldades dos Estados Unidos, preferindo ativos em outros países, sempre de preferência nos físicos. Esta diversificação faz com que a presença chinesa se intensifique em países onde ainda não eram tradicionais, inclusive com imigrações adicionais de sua gigantesca população.
No caso do Brasil, muitas mulheres chinesas que ingressaram ilegalmente procuram engravidar, para terem filhos brasileiros, para assegurarem que não sejam expulsas, como vigente na legislação local.