Investimento Japonês de Grande Significado no Brasil
19 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, webtown | Tags: finalidade ecológica, joint venture da Mitsui com a Dow Chemical, plástico biodegradável a partir da cana
Para quem comandou a apresentação brasileira sobre a tecnologia do etanol, incluindo a alcoolquímica, em 1985, na Expo Tsukuba no Japão, é uma satisfação muito grande ver que depois de décadas os japoneses decidiram fazer um grande investimento de significado ecológico nesta área. Na ocasião, estas possibilidades foram apresentadas inclusive ao príncipe herdeiro, hoje imperador Akihito. O jornal econômico japonês Nikkei, na sua edição de 20 de julho, anuncia que a Mitsui & Co., em parceria com a Dow Chemical, decidiu construir o maior complexo do mundo no Brasil, visando a produção de bioplástico com investimentos estimados em US$ 2 bilhões.
Em 1985, além do automóvel movido a álcool (não se utilizava ainda a expressão etanol), a Coopersucar já fazia as primeiras pesquisas mostrando que havia possibilidade da alcoolquímica permitir a produção do plástico biodegradável, utilizando como matéria-prima a cana de açúcar. O primeiro projeto em escala industrial em funcionamento foi da Braskem, do Grupo Odebrecht. O lixo sempre se constituiu um problema complexo, principalmente nos países desenvolvidos, e os plásticos derivados do petróleo apresentam grandes dificuldades para serem absorvidos pela natureza.
A planta destina-se à produção multiuso de etanol, com a capacidade de 240.000 kl por ano, cujo funcionamento deverá estar completo em 2013. A fábrica de biopolímetro deve estar construída em 2015. A produção de biomassa começará com 350.000 toneladas ano.
Estes biopolímetros poderão custar, inicialmente, o dobro do que plástico derivado do petróleo, mas a Dow acredita que, com os desenvolvimentos tecnológicos e produção em massa, estas desvantagens atuais poderão ser superadas. Os plásticos produzidos a partir do etanol devem ter durabilidade equivalente aos produzidos a partir do petróleo. Estes plásticos biodegradáveis estão ganhando popularidade para uso em embalagens de alimentos, autopeças e aparelhos eletrodomésticos.
A Mitsui espera poder fornecer estes produtos brasileiros nos mercados das Américas. Estima-se que o mercado de bioplásticos que atualmente gira em torno de 300.000 toneladas deva chegar em 2020 a cerca de 3 milhões de toneladas.
Entre as empresas japonesas, a Mitsubishi Chemical está considerando a possibilidade de produzir estes plásticos na Tailândia, através de uma joint venture.