O Mundo em Tempos de Escassez de Energia
11 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, webtown | Tags: adaptações, automóveis menores, consumos contidos, economias nas alimentações, utilização de ar condicionado
Procura-se economizar o consumo de energia elétrica em todo o mundo, não só no Japão, o que acaba afetando a produção, introduzindo novos hábitos nos consumidores. Os japoneses, informam os noticiários, já consomem automóveis de menor porte, como o Fit, da Honda, que ultrapassou a venda do Corolla, da Toyota, além de todos os inconvenientes provocados pelo racionamento no uso da energia, em que todos estão colaborando, mesmo com sacrifícios. Também na Europa, ainda que os aparelhos de ar condicionado sejam utilizados, estabelecem-se limites para a redução da temperatura, e mesmo em locais de luxo sente-se calor. As demandas de bicicletas, motos e pequenos carros de todas as procedências aumentam substancialmente. Os restaurantes, até de luxo, introduzem “pacotes” para a escolha de uma entrada, um prato principal e uma sobremesa, com preços mais baixos que os brasileiros, em parte como decorrência do câmbio. Somente os turistas chineses e brasileiros continuam comprando produtos com grifes, cuja bolha deve se esgotar.
Trânsito em Roma e em Paris: carros pequenos nas ruas
Turistas brasileiros e chineses na Europa
O mundo está se adaptando aos problemas que estão se espalhando a partir de certo tipo de redução do fornecimento de energia elétrica, principalmente com a redução das produções das usinas nucleares, que acaba abortando a recuperação que começava a se esboçar no mundo desenvolvido. Os problemas financeiros de alguns países europeus agravam os problemas, e todos procuram se antecipar a tempos “bicudos”. Só os turistas de alguns países emergentes ainda estão gozando de câmbios privilegiados, que introduzem distorções nas atividades produtivas.
A nova classe média mundial continua sustentando a economia mundial, com seus consumos de produtos de baixo custo a que não tinham acesso no passado. As empresas que estão se adaptando mais rapidamente ao novo cenário continuam em boas condições, mas aqueles que dependem dos consumos que estão sendo contidos enfrentam problemas.
Os governos continuam ampliando os investimentos em infraestrutura e nas demandas de habitações e outras necessidades desta massa de novos consumidores. Os mercados internos passaram a ser mais importantes, mas com a demanda de produtos de menos luxo, sofisticação ou dimensão. As inovações tecnológicas estão permitindo o fornecimento de novos produtos, como os eletrônicos e de comunicação, cujos preços continuam baixando. Veículos baratos e pequeno porte continuam com demandas em alta.
Um visitante estrangeiro na Europa fica impressionado quando os europeus passam a utilizar produtos que eram abundantes há décadas passadas nos países então chamados subdesenvolvidos, como táxis e outros semelhantes aos riquixás, nas suas versões com desenhos atuais. Muitos são pedalados ou movidos por pequenas motos, mesmo que sejam mais utilizados de forma romântica em centros de turismo, mas também encontráveis em cidades como Frankfurt ou Aix, em Provence.
Novas versões de fast food se disseminam, como sushis e pizzas de duvidosas qualidades, que são consumidos por toda a parte, não somente pelos jovens como até executivos, principalmente neste verão rigoroso que exige refeições mais ligeiras e leves. Saladas e sanduíches são consumidos em grandes quantidades.
Esta capacidade de adaptação dos consumidores mostra que a economia vai continuar operando, mas em patamares mais baixos, alertando as economias emergentes e todos os produtores mesmo globalizados, que os tempos de euforia já são coisas do passado, havendo que se investir em tecnologias simples para atender os novos consumidores.