Os Chineses Admitem que Estão Aproveitando as Liquidações
5 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, webtown | Tags: ainda não chegaram às atividades sofisticadas, aproveitando as liquidações, hordas de chineses pelo mundo
A notícia que os turistas chineses estão aproveitando as liquidações em París, Nova Iorque ou Londres está publicado no China Daily, que tem edições especiais para as Américas como para a Europa. Como no Hemisfério Norte as liquidações começam logo no início da temporada, os produtos voltados para o verão já estão em liquidação em todas as lojas, com os turistas chineses aproveitando tudo, inclusive nas lojas de grifes conhecidas. Superam o que os norte-americanos e os japoneses efetuaram nas décadas passadas, quando suas economias estavam melhores.
Como é natural neste início de ampliação dos conhecimentos do exterior, no primeiro momento procuram os produtos mais conhecidos na própria China. Mas como não dá para reconhecer os provenientes de diversas regiões, nota-se que mulheres elegantes, possivelmente de Hong-Kong, Cingapura e Taiwan, são confundidas com a massa de chineses mais modestos. A diferença é que, diferente dos japoneses, muitas famílias ou pequenos grupos fazem suas excursões, tanto pelas lojas e museus como em restaurantes.
Turistas chineses aproveitam as liguqidações no exterior. Foto: Nelson Ching / Bloomberg
Os chineses ainda não chegam aos bairros elegantes, ou na Ópera Nacional de Paris, que apresentou ontem um belíssimo espetáculo da obra de Giuseppe Verdi, baseado na história de William Shakespeare, Otelo, na gigantesca sala de ópera especialmente construída para grandes eventos. Havia alguns turistas japoneses como muitos outros estrangeiros, inclusive brasileiros, mas não se notou a presença de chineses, que parecem ainda dar pouca importância para eventos culturais mais sofisticados, que custam mais caros.
A sala é considerada a maior do mundo, com um palco que deve ter mais de 25 metros de largura, o mesmo de altura e uma profundidade que chega a mais de 100 metros, permitindo a armazenagem de mais de 100 cenários completos simultaneamente, que podem ser deslocados eletronicamente.
A sala comporta mais de 3.000 frequentadores, todos com perfeita visão e acústica, em qualquer posição que estejam. Mas os tempos estão economicamente difíceis, e os cenários eram franciscanos, nem todos os recursos da casa foram utilizados, até porque os cantores líricos necessitam ter vozes poderosas para alcançar todo um teatro desta magnitude.
A orquestra estava excepcional sob a regência de Philippe Jordan, com cantores líricos internacionais, entre eles o coreano o barítono Chae Wook Lin, com um cenário contemporâneo, simples e econômico, mas procurando dar as melhores condições para que as vozes dos atores chegassem ao público de forma mais brilhante.
Nos museus menos conhecidos internacionalmente, mesmo os que reúnem os melhores de trabalhos de modernistas e impressionistas como Manet ou as esculturas de Miró, que ficam mais afastados dos focos das massas de turistas, notava-se pequena presença de orientais mais sofisticados. Os chineses ainda estão na sua primeira fase de conhecimento do exterior, procurando nas grandes capitais mundiais o que é mais conhecido, mas certamente existem muitos chineses cultos que se comportam mais discretamente.
Em matéria de atendimento destas novas massas de turistas chineses, verifica-se que existem poucas dificuldades, pois são muitos os restaurantes e velhos imigrantes que dominam perfeitamente o mandarim, diferindo dos japoneses e coreanos que vieram morar e trabalhar na Europa ou em Nova Iorque em menor número.
Mas é de acreditar que é questão de tempo, pois a presença dos asiáticos está aumentando em todo o mundo, inclusive em regiões emergentes e pioneiras, como a África ou a América do Sul. Acabará chegando aos aspectos culturais considerados mais refinados. Seria desejável que os sul-americanos que se dirigiram para o Japão para trabalhar considere a possibilidade de adquirirem estas experiências internacionais, que hoje são consideradas como fundamentais para uma atuação no mundo globalizado.