Perigosa Inversão em Todo o Mundo
15 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, webtown | Tags: as dificuldades americanas, financiadores asiáticos e emergentes, somam-se aos europeus | 4 Comentários »
No passado, eram as economias chamadas desenvolvidas, como a dos Estados Unidos e da Europa, principalmente e credoras, que pressionavam os menos desenvolvidos a adotarem políticas fiscais e monetárias responsáveis para continuar financiando as suas dívidas externas, entre elas muitas latino-americanas e asiáticas. O artigo publicado pela Folha de S.Paulo expressa o drama de Barack Obama que não consegue do seu Congresso aumento do nível de endividamento já elevadíssimo, correndo o risco de não poder pagar os seus compromissos. E entre os credores que estão preocupados destacam-se a China, o Japão, o Brasil, o Taiwan e a Rússia, os maiores pela ordem.
A China veio ajudando os Estados Unidos, mas já mandou o recado que os norte-americanos devem se preocupar com a preservação dos credores, pois é o mais destacado. Um default norte-americano, ou seja, situação em que eles não podem pagar os seus compromissos, não é imaginável, pois suas consequências mundiais seriam calamitosas. As empresas chamadas de rating, que classificam os riscos, já deram sinais de que os Estados Unidos podem chegar a este ponto.
O quadro internacional ficou muito complicado, pois muitos países europeus também enfrentam dificuldades de financiar suas dívidas públicas, e precisam do suporte do Banco Central Europeu, que já não conta com os recursos necessários para ajudar a Itália. Como os bancos europeus privados, como os da Alemanha, são os grandes credores, a continuidade desta situação crítica corre o risco de comprometer todo o sistema financeiro internacional, como na crise de 2008, paralisando a economia mundial.
Neste quadro de grande complexidade, os europeus e norte-americanos insistem em se manter no comando de instituições como o FMI, que também não conta com recursos suficientes para dar uma solução adequada para as dívidas destes países. A solução, como a que vem sendo adotada pela Itália, exige um grande plano de austeridade, inclusive com o congelamento das pensões e aposentadorias de uma população que ficou mais idosa, cuja manutenção exige recursos gigantescos.
O Japão também é um país que conta com uma dívida pública astronômica, ainda que financiada internamente. Todos os países que estão com suas populações envelhecendo, e são muitos, tendem a enfrentar problemas semelhantes. Os gastos irresponsáveis com guerras, como do Iraque e Afeganistão, já não permitem que os Estados Unidos partilhem do ataque à Líbia, havendo outros semelhantes no mundo árabe, como a Síria. E nem pode cuidar da segurança asiática.
Mesmo desejando manter o otimismo, as grandes economias dinâmicas emergentes, como a China, a Índia e o próprio Brasil, não contam com condições para sustentar as dificuldades internacionais, pois já suportam os pesados encargos para continuar melhorando o nível de bem-estar de suas populações que estão no limite da pobreza absoluta.
Todas as medidas de austeridade que terão que ser tomadas pelos diversos países não permitem antever um crescimento razoável para a economia mundial. Muito esforço terá que ser feito por todos, mostrando que o longo período de prosperidade internacional já é coisa do passado, e todos terão que labutar pelo desenvolvimento tecnológico que permita um nível razoável de bem-estar, com o consumo de produtos básicos e modestos. Já não é época de grandes festas…
Afirma-se que os EUA correm o risco(teórico) de declarar moratória, assim como até a Espanha e a Itália estão sobre “grave risco” de não honrarem com seus compromissos, e o Japão também com graves problemas. O economista Nouriel Roubini acredita na possibilidade de um duplo mergulho na recessão e o historiador econômico Niall Ferguson afirma que a solução da UE passa pela implosão do euro. Caso o pior aconteça o que está reservado ao Brasil e aos Bric’s? O Brasil com seu mercado interno pode sair dessa incólume? Alguns suspeitam que a saída americana da crise mundial vai passar por uma guerra generalizada no Oriente Médio(alvo principal é o Irã, e secundários o Hezzbola+ a Síria, provocada pelo Complexo Industrial Militar norte-americano, cujo desencadeamento ativaria a indústria bélica e diversas outras durante a reconstrução da infraestrutura dos países afetados no pós-guerra. Teoria conspiratória,fantasia, delírio ou possibilidade concreta? Não pude resistir em fazer estas perguntas.
Caro Alyson do Rosário Junior,
Todos os países do mundo sofrem com os problemas nos Estados Unidos, na Europa e no Japão. Guerras externas em nada ajuda, pois os recursos disponíveis não são suficientes para estas empreitadas, pois o que está sobrecarregando economias como a norte-americana são os custos de assistência de sua população, como os de saúde e atendimento dos idosos.
Paulo Yokota
o q jp deve fazer pra diminuir a divida publica?
Caro Eder,
O Japão é um país que sempre teve uma elevada dívida pública, mas financiada pelos próprios japoneses. Precisa reduzir os seus gastos, mas para manter a sua economia em reconstrução necessita manter elevados investimentos. As saídas dependem das reduções dos seus custeios e elevação da tributação, que estão sendo providenciados.
Paulo Yokota