Reflexões Sobre a Intensidade das Coberturas Jornalísticas
25 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: destaques sobre o falecimento de Amy Winehouse, os acontecimentos na Noruega, os dilemas da imprensa
Nestes últimos dias, a imprensa mundial concedeu grandes espaços para dois lamentáveis acontecimentos. De um lado, o falecimento da popular cantora inglesa Amy Winehouse, que todos reconheciam que utilizava uma quantidade absurda de álcool e drogas, que certamente provocaria um fim trágico para a sua vida. Havia até uma casa que aceitava apostas sobre quando este triste desenlace aconteceria. De outro, o incrível massacre que o desequilibrado radical norueguês Anders Behring Breivik provocou, chegando quase a uma centena de vítimas na Noruega. O país não estava preparado para enfrentar tais acontecimentos, aumentando o número de jovens que perderam suas vidas.
É claro que estas notícias necessitam ser divulgadas, mas não são acontecimentos que honram a humanidade, e o exagero nas suas divulgações tendem a estimular outros que podem ser influenciados por estes gestos que proporcionam uma popularidade a certas personagens, ainda que negativa e temporária. O mundo está repleto de desequilibrados que não conseguem administrar suas famas ou suas frustrações. E as informações sobre suas motivações e envolvimento de outras pessoas ainda não ficam devidamente esclarecidas, pois as coberturas acabam dando uma conotação sensacionalista. Espera-se que, com o tempo, os responsáveis pelos meios de comunicação social proporcionem o adequado tratamento destas notícias, que não devem visar somente a audiência com fatos chocantes, mas evitar que eles se repitam.
Bandeiras da Noruega e da Inglaterra
É evidente que os astros conhecidos recebem maiores espaços, e mesmo procurando notícias sobre o que tinha acontecido de fato na Noruega e suas motivações, que poderiam ter significados mundiais complexos, os principais sites da imprensa internacional estavam inundados somente pelas especulações sobre a morte da cantora, sem dados mais confiáveis sobre o que aconteceu no país conhecido pela concessão do Prêmio Nobel da Paz, inclusive na televisão, que é um instrumento muito ágil.
É evidente que os interesses sobre as notícias variam de pessoa a pessoa, e a imprensa procura as que dão maiores audiências. No entanto, parece importante atentar para o que tem como significado para todo o mundo, notadamente no que vai repercutir sobre a evolução futura, influindo na vida de um grande número de pessoas. Muitos ídolos aparecem e desaparecem, alguns em tempo extremamente curto, sendo que poucos deixam contribuições que perduram por muito tempo.
Num primeiro momento, atribuiu-se os acontecimentos da Noruega sobre problemas políticos, e deve-se reconhecer que o mundo enfrenta uma onda de imigrações que geram também lamentáveis conflitos étnicos. Tanto que até um brasileiro trabalha em Oslo para o governo local visando à integração multicultural.
Com a globalização que está ocorrendo, e a mais recente crise que está afetando muitos países, tendem a surgir graves acontecimentos provocados por radicais alimentados por intenções complexas como as alegadas pelo norueguês, sendo difícil compreender porque os alvos foram seus próprios patrícios que tivessem ideias diferentes das suas. Com as tensões que existem entre pontos de vistas diferentes em todo o mundo, certamente este incidente na Noruega parece ter um significado mais profundo, ainda que a droga seja uma praga que está atingindo parcela relevante da humanidade. Mas a notícia sobre a cantora não aparece com a condenação do seu uso.
O que se estranha é que acontecimentos negativos mereçam mais espaços que os construtivos, lamentavelmente. É claro que os leitores devem ter o discernimento para a seleção de suas fontes de informações, mas eles ficam restritas às opções que lhes são oferecidas, o que implica em grandes responsabilidades para aqueles que se envolvem com a comunicação social.