Reflexos do Comportamento da Economia Brasileira

11 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, webtown | Tags: as dificuldades industriais, da indústria e agricultura para serviços, mudanças dos investimentos estrangeiros, perspectivas | 2 Comentários »

Os dados expressivos coletados pelo Jornal Valor Econômico referem-se ao que passou no começo deste ano, mas os sentimentos atuais percebíveis e as perspectivas que se formam sobre o futuro acabam formando um quadro que, no mínimo, exigem medidas corretivas das autoridades. No artigo de Sérgio Lanucci, utilizando informações sobre os investimentos estrangeiros diretos do Banco Central nos quatro primeiros meses deste ano, fica nítido que os dirigidos para a indústria e mesmo para as atividades primárias estão se reduzindo ou estagnados, enquanto crescem somente na área dos serviços. Parte disto decorre do que consta de outro artigo de Denise Neumann, no mesmo jornal, sobre o crescente déficit comercial externos das indústrias, principalmente nos setores de alta tecnologia.

Gráficos publicados pelo Jornal Valor Econômico

Dos contatos com alguns potenciais investidores estrangeiros, colhe-se a impressão que o pico dos seus entusiasmos com a economia brasileira já passou. É verdade que a economia mundial vem acusando crescentes dificuldades, com a sua recuperação enfrentando limitações, ao mesmo tempo em que persistem pressões inflacionárias e dificuldades no abastecimento de energia.

Nada mais natural que cuidar inicialmente dos seus próprios problemas para pensar depois nas expansões no exterior, mesmo com as potencialidades dos países emergentes. Ainda que a economia brasileira continue sendo atrativa, parte da produção que seja efetuada no Brasil tende a ser colocado no mercado externo. E o real continua com tendência para se manter valorizado.

Os tributos continuam em patamares elevados, os juros os mais altos do mundo e a infraestrutura ainda deixa a desejar, principalmente na tranquilidade do fornecimento de energia numa perspectiva de longo prazo.

Como existem potencialidades bem definidas, há que se imaginar em uma política industrial que selecione closters em alguns segmentos, que podem ser implantadas em zonas especiais, aproveitando o que resta de interesse internacional sobre a economia brasileira.

Caso nada seja feito, corre-se o risco do interesse sobre o Brasil despertado no exterior simplesmente se diluir com as dificuldades internas e externas, perdendo-se mais esta oportunidade.